O Ibovespa conseguiu limitar as perdas ao longo da tarde desta sexta-feira (22) para fechar o dia em baixa de 1,34%, aos 106.296,18 pontos, depois de ter alcançado a mínima do dia aos 102.853,96 pontos, menor nível em um pregão desde 13 de novembro de 2020, com giro financeiro muito intenso, a R$ 58,7 bilhões. O nível de fechamento foi o menor desde o último dia 20 de novembro (106.042,48 pontos).
O Ibovespa, que chegou a cair quase 5 mil pontos entre a mínima e a máxima do dia, fechou a semana com perda de 7,28%, que chegou a se aproximar de 10% no pior momento da sessão — na semana anterior, havia avançado 1,61%, vindo de leves perdas de 0,06% e 0,34% nas precedentes.
Ainda assim, foi o pior desempenho semanal desde o auge do temor sobre a pandemia, em março de 2020, superando por pouco a do intervalo encerrado em 30 de outubro de 2020 (-7,22%), há quase um ano, quando prevalecia cautela desde o Exterior com a eleição americana. No ano de 2021, o Ibovespa cede agora 10,69%, com perda de 4,22% no mês de outubro.
Desde cedo, os rumores quanto a eventual saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, após os pedidos de exoneração apresentados na noite anterior por quatro importantes secretários das áreas de Tesouro e Orçamento, acentuaram os temores do mercado quanto à direção do fiscal no caminho para 2022, ano eleitoral, punindo severamente os ativos brasileiros.
No meio da tarde, contudo, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Guedes falaram lado a lado, em visita do mandatário ao gabinete da Economia, após a qual Bolsonaro reiterou "confiança absoluta" no ministro, com quem disse se entender "muito bem".
— Em nenhum momento, presidente insinuou nada semelhante demissão — acrescentou o ministro. — Não pedi demissão em nenhum momento — ressaltou Guedes.
Dólar
A busca por uma imagem de pacificação entre o presidente e o ministro contribuiu para firmar a limitação de perdas na bolsa e a acomodação do câmbio, que já vinham sendo observadas antes da manifestação conjunta, com o dólar, após máxima do dia a R$ 5,7545, estabilizando-se entre R$ 5,66 e R$ 5,67 no meio da tarde, e passando depois a viés de baixa na sessão, com mínima a R$ 5,6223 e fechamento a R$ 5,6273 (-0,71%). Apesar disso, a moeda norte-americana termina esta semana com valorização de 3,16% e já acumula alta de 3,33% em outubro.
A rápida definição do servidor de carreira Esteves Colnago, ex-ministro do Planejamento no governo Temer e que já integrava o quadro de Guedes na Economia, para a secretaria especial do Tesouro e do Orçamento, no lugar de Bruno Funchal, foi recebida de forma favorável, contribuindo para limitar a percepção de risco.
O dólar já abriu o dia em forte alta e varou o teto de R$ 5,70 logo na primeira hora de negócios, ainda espelhando a debandada na equipe econômica. No início da tarde, no auge da boataria de que Guedes estava demissionário, a moeda norte-americana chegou a ultrapassar a marca de R$ 5,75, ao correr até a máxima de R$ 5,7545 (+1,53%). O movimento altista arrefeceu após notícia de encontro entre Bolsonaro e Guedes, às 14h30min.
O alívio do mercado financeiro veio de vez quando Bolsonaro e Guedes apareceram juntos, selando a permanência do ministro no governo. Embora Guedes tenha perdido grande parte da sua credibilidade entre os investidores, sua presença ainda serve de contraponto para as tendências mais populistas da ala política do governo, afirmam operadores.