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A expressão de abatimento era visível no rosto do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes, quando os dois sentaram-se diante dos jornalistas, no Ministério da Economia, para tentar apagar o incêndio causado pelo aumento de gastos para além do limite imposto pelo teto.
Antes, os dois haviam conversado por cerca de meia hora — diálogo cujo teor Guedes não quis revelar. Bolsonaro foi à casa de Guedes para mostrar que o “técnico” está prestigiado. Falou pouco, reafirmou a confiança absoluta no ministro, disse que não vai fazer nenhuma aventura e atribuiu da disparada da inflação ao “fique em casa, a economia a gente vê depois”.
Coube a Guedes explicar por que pediu a “licença para gastar R$ 30 bilhões além do teto” e defender o auxílio de pelo menos R$ 400 para 17 milhões de brasileiros, além de um socorro a 750 mil caminhoneiros autônomos. O ministro repetiu várias vezes a expressão “socorro aos mais frágeis” para defender a concessão do auxílio de R$ 400 e justificar o gasto extra.
A manifestação da dupla Bolsonaro-Guedes foi uma tentativa de acalmar o mercado financeiro, que vive dias de nervosismo, e desmanchar a sensação corrente de que a política derrotou a economia na queda de braço e que se abriu a porteira para a gastança no ano eleitoral.
Sem muita convicção, Guedes tentou minimizar o impacto da saída dos quatro secretários e de outros auxiliares que ficaram pelo caminho. Disse que “sentiu tanto” a saída de alguns ex-assessores, que não sabe nem os nomes. Chamou Bruno Funchal de “jovem”, como se isso deixasse o secretário do Tesouro e Orçamento menor do que é, e exaltou o substituto, Esteves Colnago, cujo nome confundiu com o do banqueiro André Esteves, como se fosse melhor do que o “jovem Funchal”.
Funcionário de carreira, Colnago é “prata da casa”. O substituto de Bitencourt não foi anunciado. Guedes disse apenas que será escolha de Colnago. Sinais evidentes de que está difícil encontrar opções no mercado.
Funchal é jovem, sim, mas foi convidado por Guedes por ser considerado um dos economistas mais brilhantes do Brasil. Antes de ir para o Ministério da Economia, recusou o convite de pelo menos três governadores para ser secretário de Fazenda. Entre eles, o governador Eduardo Leite.
A confusão com André Esteves, explicou Guedes, foi um ato falho, já que o banqueiro foi procurado por pessoas da política para que sugerisse nomes para substituí-lo. O ministro mostrou certo ressentimento com os que o criticaram: a mídia, economistas e, principalmente, pessoas que passaram pelo cargo que hoje ocupa. Sem citar nomes, referiu-se a Mailson da Nóbrega, que “entregou o cargo com a inflação a 5 mil por cento” e a Delfim Neto “que serviu à ditadura”.
Também sobrou para Henrique Meirelles, quando Guedes disse que " teve gente que passou por aqui, antecipou três anos de aumento, depois colocou um teto em cima e não fez reforma nenhuma".
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