O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (8) que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a condução da política econômica nacional.
— Tenho falado com Paulo Guedes, não basta a economia, você tem que ter viés político — afirmou o chefe do Executivo na cerimônia alusiva à 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP), que ocorre no mesmo dia em que o Ministério da Economia diminuiu em 87%, de R$ 690 milhões para R$ 89,8 milhões, o encaminhamento de verbas para o setor neste ano via crédito suplementar.
Bolsonaro garantiu que não vai interferir na Petrobras ou congelar o preço dos combustíveis na canetada.
— Não tenho poder sobre Petrobras — disse. — Já tivemos experiência de congelamento no passado.
As declarações vêm em meio à pressão do presidente por alguma medida que diminua o preço dos combustíveis, vilão da inflação, além das negociações pelo Auxílio Brasil, programa para substituir o Bolsa Família e tornar-se a vitrine eleitoral do governo nas eleições de 2022.
Com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Executivo quer alterar a incidência do ICMS sobre os combustíveis, mas enfrenta resistência de governadores. Nesta sexta, a Petrobras reajustou a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, em 7,2%.
Apesar da insatisfação com a alta dos preços, Bolsonaro também garantiu que não haverá rompimento de contratos em seu governo.
— Quando se fala em combustível, nós somos autossuficientes, mas por que esse preço atrelado ao dólar? Eu posso agora rasgar contratos? Como é que fica o Brasil perante o mundo? — questionou.
O discurso do presidente em Campinas foi interrompido logo no início por gritos de "fora, Bolsonaro" e outras críticas ao governo.
— Não vamos chegar ao nível deles. Sairei daqui imediatamente se ela (manifestante) me responder quanto é sete vezes oito ou raiz quadrada de quatro — respondeu o presidente no microfone.
Ele reconheceu, porém, que a sua gestão tem falhas.
— Em parte dá certo nosso governo, não vou falar que é tudo 100% — afirmou.
Em seguida, voltou a dizer que seu governo não tem corrupção.
— Pode haver um dia, mas não vai ser por incentivo — acrescentou, sem considerar as denúncias de irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19 expostas pela CPI da Covid.