O Rio Grande do Sul engatou o oitavo mês consecutivo com saldo positivo na geração de emprego com carteira assinada. Ou seja, mais contratou do que demitiu. O Estado abriu 11.801 vagas em agosto, segundo dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência nesta quarta-feira (29).
No ano, são 118.816 postos abertos em solo gaúcho com a nova atualização. Mesmo no azul, esse montante ainda é menor ante o total de vagas fechadas entre março e junho do ano passado, 138.322, durante o auge dos estragos causados pela pandemia de coronavírus no mercado de trabalho. No acumulado de 12 meses, o saldo positivo está em 188.098.
O saldo de agosto no Estado ocorre diante de 109.402 admissões e 97.601 demissões. Na comparação com julho, quando foram abertas 14.202 vagas, agosto registra rápida perda de ritmo na geração de emprego no mercado formal. Em agosto do ano passado, marcado pela busca de retomada em meio à pandemia, o Estado abriu 6.418 postos.
Entre os setores presentes na pesquisa, serviços e comércio lideram. Juntos, esses dois segmentos da economia somam a geração de 10.197 vagas. Na sequência, figuram construção e agropecuária. Indústria é o único setor com resultado negativo no mês.
A economista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) Giovana Menegotto afirma que o bom desempenho de serviços e comércio ainda ocorre na esteira da reabertura das atividades econômicas e da maior circulação diante do avanço da vacinação.
— Tem o aspecto de maior controle da pandemia, que dá uma perspectiva de maior segurança para as pessoas poderem ir retomando a demanda de serviços que dependem de atendimento presencial — observa a economista.
Dentro do setor de comércios, Giovana destaca desempenho do segmento de vestuários e de calçados, que deve ganhar ainda mais força com eventos festivos de fim de ano. Nos serviços, a economista salienta o avanço nas contratações no ramo de alojamento e alimentação, um dos mais afetados pelas restrições causadas pela crise sanitária. Após meses com números mais tímidos, o segmento abriu 1.852 postos em agosto.
— Eles são os mais afetados e tendem a continuar se recuperando à medida que a gente continue avançando e possa continuar nesse cenário de controle maior da pandemia — pontua Giovana.
Datas como o Dia das Crianças, a Black Friday e as festas de final de ano somadas ao espaço para avanço das contratações devem manter a geração de emprego aquecida até o fim do ano no Estado, segundo a economista. Giovana afirma que a inflação alta no país gera preocupação, mas não deve interromper esse movimento. No entanto, a especialista avalia que o crescimento poderia ser ainda maior sem esse problema.
Analisando o desempenho da indústria em agosto, a economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o resultado negativo não preocupa. Maria Carolina avalia que o setor segue aquecido e que o saldo de agosto deve ter ocorrido em razão de algum movimento pontual. A economista afirma que o desajuste na entrega de insumos ainda freia um avanço maior no setor.
— O crescimento da indústria poderia ser maior hoje se a cadeia de fornecedores de insumos estivesse com condições de entregar o produto. A gente sabe que não é porque ela não quer. É porque realmente existe a falta de alguns produtos — afirma a economista.
Brasil
O comportamento do mercado formal no Estado também é observado nacionalmente. No entanto, o país, além de registrar saldo positivo, avançou em relação ao mês anterior. Em agosto, o Brasil criou 372.265 novas vagas de trabalho com carteira assinada. O saldo é o resultado de um total de 1.810.434 admissões e 1.438.169 desligamentos. O volume é superior na comparação com o montante de julho (+303.276).
No acumulado no ano, o saldo subiu para 2.203.987 postos ocupados, decorrente de 13.082.860 admissões e de 10.878.873 demissões. Nos últimos 12 meses, são 3.201.675 postos. Serviços, comércio e indústria lideram no recorte entre setores no país. O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, afirmou que o resultado do acumulado do ano no país entusiasma:
— O Brasil atinge uma marca extremamente importante de geração de emprego formal em menos de um ano. Isso demonstra que essa recuperação econômica é extremamente sustentável.
O discurso otimista de Onyx ocorre na mesma linha de fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, no dia anterior. Durante evento com a presença de empresários, Guedes afirmou que a economia brasileira está "bombando" e “voando”:
— Eu acho que a economia está voando. Ela está vindo com força, os juros vão subir um pouco, para tentar frear a inflação, mas as duas coisas são indissociáveis, o crescimento está contratado.