Olhando para a lista de produtos incluídos na pesquisa mensal sobre a cesta básica da Capital, realizada pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), chamam a atenção os aumentos acumulados em 12 meses de dois itens básicos no prato de todos os brasileiros: o arroz e o feijão.
O arroz ficou 0,57% mais caro em maio, se comparado ao mês de abril. Mas, em 12 meses, o aumento é de 65,02%. Comparado com abril, o preço do feijão em maio até caiu (-2,54%). Porém, em 2021, o aumento é de 15,36%. Em 12 meses, o produto ficou 50,17% mais caro.
– Ainda que em alguns itens a alta tenha desacelerado frente a meses anteriores, os preços estão muito elevados, o que traz uma enorme dificuldade de acesso a itens essenciais, dada a significativa perda do poder compra em relação itens básicos como feijão e arroz. Esses aumentos afetam principalmente a população de menor renda já que, proporcionalmente, a alimentação tem um peso maior no orçamento – explica a técnica do Dieese no Rio Grande do Sul Daniela Sandi.
Sobre abril, a cesta básica de Porto Alegre teve um aumento de 1,73%. No acumulado de 12 meses, os alimentos subiram, em média, 22,82%.
A explicação para tantos aumentos juntos não é simples. Segundo a especialista, a situação é resultado de um “conjunto de questões”:
– Desde redução dos estoques de alimentos públicos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), como arroz, feijão etc, dólar elevado que favorece as exportações e encarece os custos de produção e importação e aumento das exportações por conta da elevada demanda da Ásia. Somado a isso, nós temos as questões sazonais e conjunturais, como entressafra, clima e redução da área plantada.
Peso no orçamento
Com base na cesta básica mais cara que, em maio, foi a de Porto Alegre, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.351,11, valor que corresponde a 4,86 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas: dois adultos e duas crianças.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em maio, na média, 54,84% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.