Com o reajuste das bandeiras tarifárias aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), durante reunião nesta terça-feira (29), os consumidores devem passar a sentir o impacto nas contas de luz já a partir do próximo mês.
Na última sexta-feira (25), a entidade havia anunciado que o sistema vai continuar com a bandeira vermelha patamar 2 — a taxa mais elevada — em julho. Com aumento aprovado nesta terça, a cobrança nesse estágio passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Além dos reajustes, os consumidores também sentem, no bolso, os efeitos da maior crise hídrica dos últimos 91 anos. Após a escassez de chuva no Sudeste e no Centro-Oeste do país, os reservatórios das principais hidrelétricas brasileiras vêm secando, o que pode provocar até racionamento de energia e apagões elétricos nos próximos meses.
Apesar disso, o governo federal ainda não trabalha com essas possibilidades e apenas incentiva o uso racional do recurso neste momento. Mesmo mais afastado desses reservatórios, o Rio Grande do Sul também deve pagar o preço pela crise.
Outro impacto no valor da conta também é sentido por consumidores atendidos pela RGE, cujo reajuste anual começou a valer a partir do último dia 19, após ser aprovado pela Aneel.
A tarifa traz aumento médio de 9,93% para os clientes do grupo B, conectados na baixa tensão (residências, propriedades rurais, indústrias e comércios de pequeno porte) e de 10% para os consumidores ligados à alta tensão (indústrias e comércios de grande porte). A RGE atende 381 municípios no Estado, localizados na Região Central, Fronteira Oeste, Serra e nos vales do Taquari e do Rio Pardo, entre outros.
Já os clientes da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) irão observar o reajuste anual em novembro. A empresa atende clientes em Porto Alegre e outros 70 municípios de Litoral, Campanha, Centro-Sul, Sul e de parte da Região Metropolitana.
Por isso, GZH reuniu dicas de especialistas para reduzir o consumo de energia e os gastos — confira a lista abaixo.
Divisão das responsabilidades e uso racional
Ao abordar o aumento na conta de consumidores, o coordenador do programa de Energia do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) faz uma ressalva. Clauber Leite alerta que a responsabilidade sobre o gasto repassado ao consumidor não é apenas do cliente.
— É preciso destacar a falta de políticas públicas, políticas de eficiência energética. Precisamos pensar no conjunto todo que envolve a questão da energia e estruturar, e não apenas em momentos de crise, como ocorre agora. Isso é de responsabilidade do poder público — analisa Leite.
Para o coordenador, há dois caminhos que podem ajudar o consumidor. Além dos cuidados com banhos demoradores e uso em excesso de aparelhos, por exemplo, Leite destaca que, na hora de comprar os equipamentos, um investimento em itens de maior qualidade pode compensar.
— Qualquer aparelho que consome energia tem uma classificação de eficiência energética. A gente recomenda que o cliente fique atento a isso no momento de escolher o produto. Muitas vezes, pode valer a pena adquirir um produto um pouco mais caro, mas que terá um consumo de energia menor. Um produto mais barato, mas que gasta muita energia, pode se tornar um problema depois.
Paulo Milano, diretor da Siclo, que faz consultoria em energia, orienta que o consumidor fique atento ao que mais gasta.
— Aquele stand by da televisão, do monitor no computador, não vai ser o vilão. Você não vai conseguir controlar tudo o tempo todo, então o melhor é focar no que realmente pode impactar a conta no fim do mês. Não é racionamento, é fazer uso de forma racional — resume.
Abaixo, dicas para economizar energia e gastar menos:
- Tomar banhos mais rápidos e desligar a torneira ao se ensaboar;
- Nos dias quentes, colocar o chuveiro na posição "verão" (o consumo será cerca de 30% menor, segundo a RGE);
- Limpar periodicamente os orifícios de saída de água do chuveiro;
- Instalar a geladeira em local bem ventilado, desencostada de paredes ou móveis, longe de raios solares e fontes de calor, como fogões e estufas;
- Nunca colocar alimentos quentes na geladeira;
- Não forrar as prateleiras da geladeira;
- Não deixar a porta da geladeira aberta por muito tempo
- Manter as borrachas de vedação da porta de geladeiras e freezers em bom estado;
- Ao ligar o ar-condicionado, evitar o uso por longos períodos e com temperaturas muito baixas ou muito altas (para aquecer)
- Desligar as luzes dos cômodos que não estão sendo utilizados
- Otimizar o uso de máquinas de lavar, fazendo as lavagens necessárias no mesmo dia, sem utilizar o aparelho aos poucos e em dias diferentes
- Priorizar a compra de aparelhos de ar-condicionado com a tecnologia inverter, cujos motores são mais eficientes e econômicos;
- Manter os filtros do ar-condicionado limpos, para evitar que o motor precise trabalhar mais do que o necessário
- Ao adquirir itens que consomem energia, observar a classificação de eficiência energética, que indica o gasto de energia durante o uso