Em meio à articulação da ala política do governo para cortar despesas obrigatórias e recompor investimentos que foram vetados do Orçamento de 2021, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse nesta quinta-feira, 29, que cortar despesas obrigatórias para impulsionar discricionárias (que são gastos opcionais e incluem as obras) "foi justamente o problema original". Ele defendeu "seguir exatamente o planejado" e avaliar as despesas ao longo do ano.
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a ala política do governo articula junto ao Congresso Nacional a recomposição de cerca de R$ 2,5 bilhões que foram cortados de investimentos e ações que são vitrine no Orçamento de 2021.
A manobra seria feita por meio de um novo corte em despesas obrigatórias no projeto de lei enviado pelo próprio governo para desfazer a "maquiagem" feita nesses gastos pelos parlamentares.
O tema foi discutido em um café da manhã na quarta-feira, 28, no Palácio do Alvorada entre o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros da ala política. O compromisso não consta na agenda oficial da Presidência.
Depois de bater o pé em defesa do ajuste no Orçamento, que resultou no corte de R$ 29 bilhões entre vetos e bloqueios, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi deixado de fora do encontro.
"Cortar obrigatória para recompor investimento foi justamente problema original", disse Funchal, quando questionado em entrevista coletiva sobre a manobra.
Ele lembrou que R$ 9,3 bilhões em despesas do Orçamento estão bloqueados e podem ser liberados, caso a projeção de gastos obrigatórios caia ao longo do ano.
Os recursos bloqueados, porém, não contemplam algumas ações que foram totalmente vetadas, como o dinheiro para a continuidade da construção de casas do programa habitacional Casa Verde e Amarela - uma das principais vitrines do governo no Nordeste.