- Consórcio Via Central venceu o leilão de concessão da RS-287 e vai administrar a rodovia por 30 anos
- Empresa apresentou proposta de pedágio no valor de R$ 3,36, deságio de 54,4% em relação ao fixado pelo governo
- Nova administradora poderá instalar três novas praças de pedágio, em Tabaí (km 47), Paraíso do Sul (km 168) e Santa Maria (km 214), além das duas já existentes, em Venâncio Aires (km 86) e Candelária (km 131)
O Consórcio Via Central venceu o leilão de concessão da RS-287, trecho entre Tabaí e Santa Maria, primeira rodovia estadual do Rio Grande do Sul concedida à iniciativa privada dentro do pacote do Palácio Piratini. A empresa vai atuar na estrada por 30 anos.
O nome do vencedor foi divulgado nesta sexta-feira (18) em evento na Bolsa de Valores B3, em São Paulo, que contou com a presença do governador Eduardo Leite e do secretário extraordinário de Parcerias, Bruno Vanuzzi. Quatro interessados apresentaram propostas no leilão, que teve início na segunda-feira (14).
O Via Central — formado pela espanhola Sacyr Concesiones S.L e pela Sacyr Concessões e Participações do Brasil Ltda. — venceu com proposta de tarifa básica de pedágio de R$ 3,36. O deságio é de 54,4% em relação ao fixado pelo governo no edital.
A concessão prevê investimento privado de R$ 2,7 bilhões, incluindo a duplicação de todo o trecho de 204,5 quilômetros de extensão, nos dois sentidos, durante o período da concessão. As obras na rodovia estão previstas para começar no segundo trimestre de 2021, com trabalhos de recuperação da estrada.
Para custear a duplicação e as melhorias de segurança viária, está prevista a instalação de mais três praças de pedágio:
- em Tabaí, no km 47
- em Paraíso do Sul, no km 186
- em Santa Maria, no km 214
O trecho já conta com duas praças — no km 86, em Venâncio Aires, e no km 131, em Candelária —, administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Com a assinatura do contrato, esses dois postos passam a ser de responsabilidade da concessionária.
O secretário de Parcerias, contudo, destaca que o valor-base aprovado no leilão deve ser atualizado em razão da inflação.
— As duas praças hoje em operação, ao passarem, provavelmente ao término do primeiro trimestre de 2021, para a concessionária, passarão a operar com a nova tarifa, da licitação, atualizada pelo IPCA desde maio de 2019, porque nos orçamentos que embasaram esse projeto, todos os custos são de maio de 2019. Então, teremos esses R$ 3,36 e mais uma correção monetária — explicou Vanuzzi.
Atualmente, quem cruza a rodovia com veículo de passeio em um dos sentidos paga R$ 14 — R$ 7 em cada uma das duas praças já existentes. Para se ter uma ideia, se esse valor começasse a valer hoje, levando em conta apenas a correção do IPCA até o último mês, a nova tarifa ficaria em R$ 3,54, diminuindo a soma dos dois pedágios para R$ 7,08. Com as novas três praças em operação — totalizando cinco postos — esse valor ficaria em R$ 17,70.
O governador Eduardo Leite destacou a tarifa básica menor, o maior número de praças e o investimento robusto em melhorias na rodovia, como a duplicação do trecho. O governador destacou que “vamos nos encontrar muitas vezes ainda” na Bolsa, com demais projetos de concessão em alguns setores, como saneamento e rodovias.
— O Estado aposta muito nas parcerias do setor privado. Um belo resultado aqui, que comprova aquilo que a gente acredita. O Estado associar o interesse público, de um investimento em infraestrutura, que é estratégico para o desenvolvimento, para a logística do Estado, para reduzir custos para quem produz, exporta, movimenta suas cargas, para receber dos seus fornecedores, o que obviamente circula pelas rodovias, com o legítimo interesse privado na participação de empresas que se interessam em fazer esses investimento — afirmou.
Com 241 quilômetros de extensão no total, a RS-287 corta a região central do Estado no sentido Leste-Oeste. No próximo ano, está prevista a concessão de outras 18 rodovias estaduais, totalizando 1.151 quilômetros que hoje estão sob a gestão da EGR.
O grupo espanhol
O Consórcio Via Central é composto pela empresa espanhola Sacyr Concesiones S.L e pela Sacyr Concessões e Participações do Brasil Ltda. O grupo tem atuação baseada na área de concessão, segundo representantes da empresa presentes no leilão.
Além de atuar em rodovias, o grupo também tem concessões de ferrovias, hospitais, saneamento e de energia. O braço de infraestrutura já atua no Brasil com obras em parte do Metrô de São Paulo, do Metrô de Fortaleza e na duplicação da Ferrovia Norte-Sul.
Repercussão
Coordenador da Comissão Duplica RS-287, da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul, Lucas Rubinger, comemorou o andamento da concessão da RS-287. Em entrevista ao programa Gaúcha+, Rubinger destacou a importância desse modelo para o crescimento do Estado e no âmbito de melhorias nas cidades por onde a rodovia passa.
— É um belo presente de Natal para o Rio Grande do Sul, porque um investimento de 2,7 bilhões vai movimentar a construção civil e todas essas cidades — afirmou, salientando que a duplicação da rodovia é um pleito antigo das regiões.
Rubinger destacou que esse investimento acaba refletindo em outras áreas, como o comércio, alimentação e hospedagem. Segundo o diretor, a presença de cinco praças no trecho, além de diminuir o valor da tarifa, é importante para diluir e tornar o serviço mais justo em relação ao uso da rodovia.
O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, destacou que, além de representar uma importante mudança no sentido de desenvolvimento econômico da região e de todo o Estado, a concessão e a duplicação da RS-287 também vão auxiliar na segurança do trânsito:
— Nós temos um índice de mortalidade muito grande nas rodovias que não são duplicadas e têm um fluxo muito grande. Com a duplicação, com absoluta certeza, cai muito o indíce de mortalidade no trânsito. Só para ter uma base, naquela parte de Santa Cruz, temos um problema seríssimo que são as terceiras vias. Você está a terceira via, quando vê, acabou a terceira via e tu entra na pista do lado e corta a frente do outro carro, que está na segunda via, o cara vai por o outro lado e bate de frente com outro — exemplificou Pozzobom.