A procura por investimentos com chance de maior retorno, incluindo ações de empresas na bolsa de valores, é estimulada pela taxa básica de juro na mínima histórica — hoje em 2% ao ano. Mas, antes de escolher novas aplicações, o interessado deve ter cautela. O ideal é entender seu perfil de investidor antes de tomar uma decisão, recomendam especialistas. Na prática, isso significa fazer uma avaliação de objetivos e riscos envolvidos nas operações.
— O investidor precisa se conhecer. É o primeiro ponto. Ele tem de entender qual é seu nível de aversão ao risco, ou seja, se tem medo ou não de algum investimento antes de escolhê-lo. Se quiser comprar uma casa no final do ano, a bolsa talvez não seja o melhor caminho — frisa Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.
A taxa Selic na mínima histórica desestimula aplicações de renda fixa porque serve de referência para opções como a caderneta de poupança. Diante disso, mais pessoas tendem a rumar para investimentos de renda variável, como ações de empresas.
Ao mesmo tempo em que traz chance de ganhos mais robustos, a ida para a bolsa também pode gerar prejuízos. É que, em um dia, as ações podem subir com força. Na sessão seguinte, há possibilidade de caírem em intensidade igual ou até maior. Logo, buscar conhecimento e auxílio de profissionais especializados tende a ser útil.
O assessor de investimentos Adriano Severo, da Severo Educação Financeira, ressalta que diversificar aplicações é uma forma de reduzir riscos. Em outras palavras, vale o ditado de que não dá para colocar todos os ovos em um único cesto.
Para quem está iniciando a busca por ganhos maiores, uma opção que pode ser interessante é a de fundos de investimento, diz Severo. O especialista sublinha que fundos multimercados podem reunir tanto aplicações de renda variável quando de fixa, diminuindo riscos. Nessas modalidades, há um gestor responsável por cuidar dos recursos.
— Se uma pessoa investir em 10 ativos diferentes, e apenas um tiver queda, o prejuízo vai ser menor. É importante levar em conta a diversificação — aconselha Severo.
Conforme o especialista, a compra e venda de ações de empresas na bolsa deve ser considerada um investimento de longo prazo.
— É preciso levar em conta um horizonte de, no mínimo, cinco anos. Se as ações tiverem ganhos no curto prazo, melhor ainda. Mas não dá para pensar em colocar dinheiro na bolsa e retirar os recursos logo em seguida — sublinha.
Com o juro no menor patamar histórico, aplicações de renda fixa, incluindo poupança e títulos do Tesouro, servem mais como reservas de emergência, indica Severo. Ou seja, esses recursos devem ser guardados para eventuais necessidades no curto prazo. Podem ser destinados a finalidades diversas, desde o pagamento de despesas básicas até a quitação de algum bem.
Tire suas dúvidas
O que é a bolsa de valores?
É o espaço em que investidores podem comprar e vender ações de empresas. No Brasil, a bolsa que está em operação é a B3 (anteriormente chamada de Bovespa), com sede em São Paulo.
Como investir na bolsa?
É preciso que o interessado se cadastre em uma corretora registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assim, pode abrir uma conta para iniciar as aplicações.
O que são ações?
São pequenas partes de uma empresa. Ao abrir seu capital, uma companhia o divide em várias ações, negociadas na bolsa com investidores. Quanto mais papéis eles comprarem, maior será a parcela na empresa.
Quais são os tipos de ações?
- Ordinárias: dão direito a voto em assembleias que debatem os rumos das empresas.
- Preferenciais: não concedem direito a voto em assembleias, mas garantem preferência no recebimento de dividendos — parcelas do lucro das companhias.
Há valor mínimo de investimento?
Não. A quantia varia em cada caso, dependendo, por exemplo, do preço das ações das empresas.
O que é o índice Ibovespa?
É o principal índice da bolsa. Sua variação é calculada com base no desempenho das ações de grandes empresas listadas no mercado brasileiro. Quando se diz que a bolsa teve alta de 1% ao final de uma sessão, é porque o valor do Ibovespa, em pontos, também aumentou 1%.
Há riscos nos investimentos?
Sim. Investir na bolsa tem riscos. Ações de empresas podem resultar em maiores rendimentos do que opções de renda fixa, como a poupança, mas também há chance de perdas. É que, em um dia, os papéis de uma companhia podem registrar alta expressiva e, na sessão seguinte, cair em igual magnitude. O sobe e desce é conhecido como volatilidade.