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A bolsa de valores brasileira, a B3, não escapou dos impactos da crise do coronavírus e de tensões políticas nos últimos meses. Sob esses efeitos, o índice Ibovespa acumula queda de 17,3% ao longo de 2020. Assim, permanece abaixo da barreira simbólica dos 100 mil pontos.
Principal indicador da bolsa, o Ibovespa mede o desempenho das ações de empresas mais negociadas no mercado financeiro. Nesta terça-feira (6), abriu em alta, mas passou a cair com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que interrompeu discussões sobre novos estímulos à economia americana.
Ao final da sessão, o Ibovespa teve recuo de 0,49%, para 95.615 pontos. Enquanto isso, o dólar subiu 0,52%, vendido a R$ 5,595.
A baixa de 17,3% na bolsa em 2020 decorre da diferença em relação ao nível verificado no fim de dezembro passado. Na última sessão de 2019, o Ibovespa estava em 115.645 pontos.
No início da pandemia, a queda foi até maior. Em 23 de março, o Ibovespa tocou na marca de 63.569 pontos, menor nível em 2020. Em seguida, iniciou movimento de retomada, mas ainda insuficiente para recuperar o patamar do final de 2019.
Além dos impactos da crise do coronavírus e da turbulência política, a preocupação com a situação fiscal brasileira prejudica o humor do mercado. O sinal de alerta com o futuro das contas públicas foi reforçado na semana passada. Isso ocorreu porque, na ocasião, o governo Jair Bolsonaro anunciou a criação do programa Renda Cidadã, o substituto do Bolsa Família.
Inicialmente, a intenção do Planalto era financiar a iniciativa com recursos do Fundeb, o fundo da educação básica, além de precatórios — dívidas com pagamento determinado pela Justiça. Investidores consideraram que a tentativa pioraria o endividamento público, que deve romper a barreira de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
Diante da repercussão negativa, o governo abandonou essa opção de financiamento, gerando uma dose de alívio para o mercado. Apesar da trégua, o tema segue no radar de investidores, explica Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset:
— No começo da pandemia, houve pânico na bolsa porque ninguém sabia o que poderia acontecer. Com a crise, os governos tiveram de colocar muito dinheiro na economia internacional. Agora, as dúvidas sobre as contas do país jogam incertezas.
Nas próximas semanas, os desdobramentos da corrida presidencial nos Estados Unidos devem provocar mais volatilidade (sobe e desce de ações) no mercado financeiro do Brasil, frisa o economista Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos.
— No cenário internacional, também há tentativa de volta das economias e discussões sobre a vacina contra o vírus. Dentro do Brasil, seguem os riscos políticos e a preocupação com a situação fiscal — diz Bertotti.
Alta de investidores
Apesar das turbulências recentes, a procura por aplicações na bolsa disparou ao longo do ano — estimulada pela taxa básica de juro na mínima histórica, hoje em 2% ao ano. Em setembro, o número de contas de investidores pessoa física alcançou a marca de 3,1 milhões. Representa alta de 82,6% em relação a dezembro de 2019 (1,7 milhão).
O Rio Grande do Sul pegou carona no movimento. No mesmo intervalo, o número de registros de investidores gaúchos saltou 81,5%, de 94,5 mil para 171,5 mil. Ou seja, quantidade de contas aumentou em 77 mil, quase a população de um município como Santo Ângelo, no noroeste do Estado (77,6 mil habitantes).
Com a Selic em 2% ao ano, investimentos de renda fixa, como a caderneta de poupança, ficam menos atrativos. Apesar da possibilidade de ganhos superiores, as operações na bolsa também embutem riscos. Prova disso é a queda do Ibovespa no acumulado deste ano.
Tire suas dúvidas
O que é a bolsa de valores?
É o espaço em que investidores podem comprar e vender ações de empresas. No Brasil, a bolsa que está em operação é a B3 (anteriormente chamada de Bovespa), com sede em São Paulo.
Como investir na bolsa?
É preciso que o interessado se cadastre em uma corretora registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assim, pode abrir uma conta para iniciar as aplicações.
O que são ações?
São pequenas partes de uma empresa. Ao abrir seu capital, uma companhia o divide em várias ações, negociadas na bolsa com investidores. Quanto mais papéis eles comprarem, maior será a parcela na empresa.
Quais são os tipos de ações?
- Ordinárias: dão direito a voto em assembleias que debatem os rumos das empresas.
- Preferenciais: não concedem direito a voto em assembleias, mas garantem preferência no recebimento de dividendos — parcelas do lucro das companhias.
Há valor mínimo de investimento?
Não. A quantia varia em cada caso, dependendo, por exemplo, do preço das ações das empresas.
O que é o índice Ibovespa?
É o principal índice da bolsa. Sua variação é calculada com base no desempenho das ações de grandes empresas listadas no mercado brasileiro. Quando se diz que a bolsa teve alta de 1% ao final de uma sessão, é porque o valor do Ibovespa, em pontos, também aumentou 1%.
Há riscos nos investimentos?
Sim. Investir na bolsa tem riscos. Ações de empresas podem resultar em maiores rendimentos do que opções de renda fixa, como a poupança, mas também há chance de perdas. É que, em um dia, os papéis de uma companhia podem registrar alta expressiva e, na sessão seguinte, cair em igual magnitude. O sobe e desce é conhecido como volatilidade.