A 44ª edição de evento de negócios voltado ao setor coureiro-calçadista teve ingrediente adicional nesta terça-feira (10). Em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, medidas de prevenção do coronavírus fizeram parte do primeiro dia da Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec).
Nos pavilhões da Fenac, sede da programação, houve distribuição de álcool gel para o público, e equipes limparam com frequência corrimãos de escadas. Um contêiner também foi instalado para checagem médica de visitantes que vieram de países de risco.
A precaução ganhou fôlego com a confirmação, durante a manhã, do primeiro caso de coronavírus no Rio Grande do Sul. A infecção foi identificada em um empresário de Campo Bom, município vizinho de Novo Hamburgo.
Apesar da chegada do problema sanitário à região, o tom de alarmismo não esteve presente na abertura da Fimec, que continua na quarta (11) e quinta-feira (12). Poucas pessoas com máscaras foram vistas nos corredores do evento, que reúne empresas de diferentes nichos do ramo coureiro-calçadista. A feira se apresenta como a maior do setor na América Latina.
— Não será um caso de coronavírus no Estado que vai fazer as pessoas não participarem do evento. Esta é a feira que tomou mais cuidados para evitar o problema. Imagino que as ações adotadas aqui serão copiadas em estádios de futebol e shoppings — afirmou Marcio Jung, diretor-presidente da Fenac, que organiza a Fimec.
Em razão do coronavírus, empresários chineses não participam do evento neste ano. Organizadores esperam cerca de 25 mil visitantes até quinta-feira. Nos estandes, 500 expositores apresentam seus produtos ao público. Jung mencionou que, devido à ausência dos asiáticos, esse número ficou de 3% a 4% menor do que o da edição anterior.
O governador Eduardo Leite participou da abertura da programação. Uma das principais atrações é a Fábrica Conceito. Com 132 máquinas e equipamentos, o espaço abriga trabalhadores que produzem calçados diante do público. A expectativa é de que, até o fim do evento, 3,5 mil pares sejam confeccionados no local. São 17 modelos – 16 femininos e um masculino.
Cautela com impactos nos negócios
Empresários adotam tom de cautela ao comentar impactos que o coronavírus pode trazer aos negócios do setor coureiro-calçadista. Uma das avaliações de expositores da 44ª Fimec é de que incertezas provocadas pelo problema sanitário dificultam a análise do cenário para os próximos meses.
— O coronavírus preocupa, mas é algo passageiro. Na China, parece que a parte crítica já passou. Esperamos que a situação volte à normalidade. No final do ano passado, houve sinais de melhora no mercado — relatou o empresário Délcio Schmidt, diretor da ERPS, de Novo Hamburgo, que produz máquinas para fábricas calçadistas.
Gerente comercial da Artecola Química, Jairo Korndoerfer afirma que a perspectiva para os negócios em 2020 é positiva, mesmo com o temor relacionado ao coronavírus. Com matriz em Campo Bom, a empresa desenvolve produtos como adesivos para o setor calçadista. Em 2019, viu seu plano de recuperação judicial ser homologado. Hoje, aposta em mercadorias feitas a partir de insumos recicláveis.
— Janeiro e fevereiro foram meses positivos. O coronavírus serve de alerta, mas as fábricas estão andando. Ainda é cedo para falar no assunto — pontuou o gerente.
A KS Solados é uma das expositoras de fora do Rio Grande do Sul com estande na Fimec. Com sede em Santa Catarina, a empresa participa pela terceira vez da feira.
— Há uma apreensão com o coronavírus, mas a expectativa é de que este ano seja melhor do que o passado. Buscamos inovar, e houve melhora no mercado a partir de 2019 — apontou o gerente comercial da KS Solados, Douglas Setti.