Cercado por ministros, o presidente Jair Bolsonaro destacou nesta quinta-feira (5), em Bento Gonçalves, a agenda de reformas de seu governo e pediu um Mercosul "sem retrocessos ideológicos". A manifestação ocorreu durante reunião de líderes dos países que compõem o bloco econômico – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A atividade faz parte da 55ª cúpula do Mercosul, que ocorre no Spa do Vinho. O hotel fica na rota turística do Vale dos Vinhedos.
— A defesa da democracia é pilar essencial ao Mercosul — disse Bolsonaro.
O presidente também celebrou acordos costurados ao longo dos últimos meses no bloco. Entre eles, estão medidas para proteção policial nas fronteiras e reconhecimento de indicação geográfica para produtos locais, similar ao existente na União Europeia (UE). Na prática, a última ação busca resguardar o uso de nomenclaturas específicas de cada região, como a de "Vale dos Vinhedos" para vinhos produzidos nessa área.
Pauta defendida por Bolsonaro, a revisão da tarifa externa comum (TEC) do Mercosul ficará para 2020. O presidente afirmou que a medida é necessária para melhorar a competitividade do bloco.
Após ouvir discurso da chanceler da Bolívia, Karen Longaric Rodriguez, Bolsonaro afirmou que o país "em breve" estará entre os membros efetivos do Mercosul. Hoje, a nação andina é associada ao bloco.
Sem falar com a imprensa, Bolsonaro chegou ao Spa do Vinho por volta das 10h. Antes de ir ao hotel, o presidente parou no Vale dos Vinhedos para cumprimentar apoiadores e tirar fotos. Ele ainda visitou a sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Bento Gonçalves.
Depois de Bolsonaro, o presidente do Paraguai, Mario Abdo, discursou em defesa dos acordos fechados pelo Mercosul:
— Demos passo importante para constituição de bloco que atenda inquietudes de seus cidadãos.
Prestes a deixar a Presidência da Argentina, Mauricio Macri afirmou que o Mercosul deve seguir em busca de acertos comerciais para que ganhe fôlego na economia mundial. Aliado de Bolsonaro, Macri deixa o comando do país vizinho no próximo dia 10. Seu sucessor, o peronista Alberto Fernández, esteve envolvido em tensões recentes com o presidente brasileiro, o que levanta incertezas sobre o futuro do bloco econômico.
— O Mercosul deve continuar com a negociação de acordos e melhorar o fluxo de comércio — apontou Macri.
O presidente argentino ainda expressou solidariedade ao povo venezuelano e defendeu a democracia e os direitos humanos. Depois de Macri, a vice-presidente do Uruguai, Lucía Topolansky, mencionou que a reunião em Bento ocorre em momento "preocupante" na América do Sul, dado que tensões sociais atingem países como Chile e Bolívia. Lucía disse haver "violação de direitos humanos" na região. Ela representa o presidente Tabaré Vázquez, que não veio a Bento por questões de saúde.
Segundo o governo brasileiro, a agenda de Bolsonaro inclui ainda, à tarde, anúncio de investimento na área da saúde do Rio Grande do Sul.