Em meio à alta dos preços da carne bovina no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro disse que seu governo não pretende tomar medidas de controle de preço e defendeu o livre mercado dizendo que daqui a pouco o valor do produto volta ao normal.
— A China perdeu metade da sua população de porcos (para a gripe suína). Hoje em dia, metade da população já é urbana, e 1/3 é de classe média. Agora, o preço da carne da China, quem compra lá, fazendo a transformação da moeda lá daqui, é mais cara que aqui. Agora, não podemos tomar medidas aqui que não deram certo em nenhum lugar do mundo: tabelar preços, obrigar a exportar menos. É a livre concorrência, daqui a pouco volta ao normal — disse em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta-feira (28).
A esperada alta no preço das carnes já começou a chegar ao consumidor brasileiro devido à busca do mercado chinês pelo produto brasileiro.
O tema levou à divulgação de memes pela internet, ironizando a gestão Bolsonaro.
As importações de carnes do Brasil para China subiram e a arroba do boi foi elevada nas últimas semanas, o que levou o repasse a chegar nas gôndolas. A tendência é que o movimento de alta deve continuar, pressionando os preços para as festas de fim de ano.
Pouco antes da declaração de Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o valor da carne não deve retornar ao patamar anterior. O que também contribuiu para o aumento, segundo a ministra, foi a falta de reajuste nos preços nos últimos três anos.
— Sabemos que essa situação decorre de uma conjuntura de fatores. Agora, a arroba não vai baixar mais ao patamar que estava — disse a ministra.
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que faz pesquisa de preços semanalmente no município de São Paulo, apontou que, na segunda quadrissemana de novembro (acumulado em 30 dias), as carnes bovinas subiram, em média, 4,2%.
O contrafilé, por exemplo, subiu 5,86%, e a alcatra 3,63%. A picanha subiu menos, 0,32%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (19).
Segundo Guilherme Moreira, coordenador de índice de preços da Fipe, os valores continuarão a subir até o início de 2020.
A tendência de alta é vista como é inevitável pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
De acordo com a entidade, o crescimento das exportações puxou a alta nos preços, com as firmes compras de China e Rússia fazendo com que a parcela dos embarques do produto ultrapassasse os tradicionais 20% da produção local.
O mercado de boi tem refletido a alta demanda para a exportação. Recentemente, os preços em São Paulo atingiram máximas nominais, de R$ 166,50 por arroba, superando recordes de abril de 2016, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Além de russos e chineses, que vêm realizando a habilitação de mais frigoríficos brasileiros para exportação, novos mercados ganharam espaço no setor de carnes do país, como Turquia e Indonésia.
A Abrafrigo destacou que os movimentos de altas dos preços ganharam força em agosto e atingiram um ponto irreversível em outubro.