BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com a substituição de Joaquim Levy por Gustavo Montezano no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer que o banco identifique investimentos em obras de infraestrutura em Cuba e na Venezuela.
A informação foi dada pelo porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, na noite desta segunda-feira (17), poucos minutos após o anúncio formal de que Montezano comandaria o banco de fomento.
Segundo Rêgo Barros, o presidente teve duas reuniões com o ministro Paulo Guedes (Economia) nesta segunda, uma às 10h e outra, às 15h. Bolsonaro espera que Montezano adote medidas como a devolução, para o Tesouro Nacional, de recursos que estão no banco.
Também acha que o BNDES deve aumentar investimentos em infraestrutura e saneamento, ajudar a reestruturar estados e municípios, abrir "a caixa-preta do passado", apontando para onde foram investidos os recursos em Cuba e na Venezuela, por exemplo.
No ano passado, o banco de fomento teve lucro de R$ 6,7 bilhões, crescimento de 10% com relação ao verificado no ano anterior. O desempenho, porém, foi prejudicado pelo calote em financiamentos concedidos a Venezuela e Cuba.
Rêgo Barros afirmou ainda que Bolsonaro considera normal a substituição de um titular de qualquer órgão federal "em função do interesse público e da capacidade de colocar os projetos em andamento com vias a atingir os resultados que foram estabelecidos anteriormente."
Montezano já atua no governo federal, ocupando o cargo de secretário especial adjunto da Secretaria de Desestatização e Desinvestimento, do Ministério da Economia.
Ele é graduado em engenharia pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) e mestre em economia pelo Ibmec-RJ. O novo presidente do BNDES atuou no mercado financeiro. Foi sócio-diretor do BTG Pactual, responsável pela divisão de crédito corporativo e estruturados, em São Paulo.
Montezano substituirá Levy, que pediu demissão neste domingo (17) após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que ele estava "com a cabeça a prêmio".
A saída de Levy do banco de fomento é a primeira baixa na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, e mais uma crise do governo.
Em nota, o Ministério da Economia agradeceu a Levy pela "dedicação demonstrada enquanto presidente do BNDES".