O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou nesta quarta-feira (22) que os conflitos entre o governo, o Congresso e o Judiciário passam um sinal ruim para os investidores e reafirmar a democracia é fundamental, porque o setor privado tende a não "investir em ditaduras". A manifestação ocorre em meio a atritos entre Legislativo e Executivo e antes de um protesto neste domingo (26) organizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para pressionar os parlamentares e criticar a classe política.
— Esperamos que o governo possa ter uma posição mais proativa em relação às reformas e que gere menos distração naquilo que é fundamental. A gente não pode, de forma nenhuma, aceitar que nenhum brasileiro, que nossa democracia, que nosso estado democrático de direito, seja, nem em frase, colocados em risco — afirmou, em evento em Brasília.
Maia ressaltou que não adianta reformar a Previdência se o país não tiver uma democracia muito madura:
— Porque nós sabemos que o setor privado não tende a investir em ditaduras. Não investe na Venezuela — disse.
Segundo ele, reafirmar a democracia como governo é fundamental para que as reformas deem resultado para a população brasileira.
Ao deixar o evento, Maia negou ter rompido relações com o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), porque não pode romper "com quem nunca teve relação:
— Ele não faz parte do meu núcleo de relação, do qual quase todos os parlamentares fazem, nem vai fazer. Nas reuniões de líderes, ele vai fazer. É escolha do presidente.
Ele avaliou ainda que não há clima no Congresso para aprovar mudanças na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC, pago para idosos carentes) e na aposentadoria rural, como consta no projeto original enviada pelo governo para os parlamentares.
— BPC e aposentadoria rural estão fora do texto, não precisa discutir uma coisa que está fora do texto. Temos que discutir os temas que geram mais conflito na sociedade. Se a gente fingir que não tem problema, na hora que for para o voto, vai perder. Se perder um tema como o abono salarial, custa muito caro para o R$ 1 trilhão que a gente precisa economizar — defendeu.
Segundo o presidente da Câmara, a capitalização, da forma como foi proposta pelo governo, custa caro:
— Acho que podemos deixar aprovada para, num outro momento, regulamentar. Tirar R$400 bilhões (quanto custaria a capitalização) numa recessão pode ser pesado para a sociedade. Então podemos aprovar e implementar num momento em que o Brasil estiver crescendo e gerando renda — complementou.