O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, nesta terça-feira (14), a investidores e empresários nos Estados Unidos que a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso até setembro. Maia é um dos principais articuladores do projeto no país.
Durante almoço privado em Nova York, o deputado tentou dar alguma previsibilidade de datas aos empresários — que esperam o aval do Legislativo ao projeto do governo Jair Bolsonaro antes de colocarem dinheiro no Brasil.
Segundo a reportagem apurou, Maia não cravou o valor exato de economia para a União na próxima década caso o texto seja aprovado, mas afirmou que não há como sair R$ 800 bilhões se "tudo der errado" e o projeto for muito desidratado pelos parlamentares.
A conta inicial da equipe de Paulo Guedes, ministro da Economia, era que, em dez anos, o governo economizaria R$ 1,2 trilhão caso o Legislativo aprovasse o projeto tal como ele foi encaminhado pelo Planalto. Os deputados, porém, já iniciaram uma série de pedidos de alteração no texto e resistem, principalmente, ao sistema de capitalização proposto pela equipe econômica.
Com a possível desidratação da reforma, o governo passou a prever uma economia de cerca de R$ 800 milhões na próxima década.
No fim do mês passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a admissibilidade da reforma, ou seja, iniciou a tramitação da proposta no Congresso. A partir de agora, o texto precisa passar pela comissão especial da Câmara, pelo plenário da Casa em votação de dois turnos e seguir para o Senado, onde segue o mesmo ritual. A previsão de Maia, portanto, é que o processo todo finalize até setembro.
Durante palestra a investidores mais cedo, o presidente da Câmara havia dito que a falta de clareza sobre as políticas do governo de Bolsonaro cria dificuldades para que parlamentares aprovem as mudanças na aposentadoria e que a reforma não é suficiente para resolver, sozinha, os problemas de desemprego e desigualdade social no país.
De acordo com Maia, é preciso inverter o discurso e buscar alternativas que organizem "a outra parte das despesas públicas".
— Ainda não compreendemos, olhando a longo prazo, quais são as políticas que esse governo trouxe para sobrepor os 13 anos de governo do PT, que trouxe uma agenda que foi muito criticada, inclusive pelo DEM. Não é o DEM que está no governo, mas a direita mais extrema que está no governo, e até agora a gente não entendeu qual é essa agenda — afirmou Maia durante a palestra.
— Esse também é um outro problema: se a gente sabe como tirar algo que se esgotou, mas a gente ainda não sabe o que colocar no lugar, isso também gera certo desconforto na relação entre os Poderes, porque o deputado vai votar uma matéria como a Previdência e quer entender como essa votação vai gerar um impacto na melhoria da qualidade de vida dos seus eleitores — completou.