O secretário especial de Desestatização do governo federal, Salim Mattar, anunciou na noite desta segunda-feira (8), em Porto Alegre, o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (BC), como presidente do conselho de administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ambos participaram de painel da 32ª edição do Fórum da Liberdade, no Centro de Eventos da PUCRS.
Fundador da Localiza, especializada em aluguel de automóveis, Mattar confidenciou que vinha buscando atrair Franco para o governo, mas inicialmente não teve sucesso nas tentativas.
— Ele vai ser o novo presidente do conselho de administração do BNDES — disse o secretário.
Em seguida, ao responder a questionamento do público, Franco brincou que "é muito difícil dizer 'não'" para Mattar. Ao lado da dupla, o CEO da BRF, Pedro Parente, que comandou a Petrobras até o ano passado, completou o trio de palestrantes.
Organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), o Fórum da Liberdade é reconhecido pela defesa da teoria liberal na economia. Neste ano, foi batizado com o tema "Brasil: aberto para reformas?". O foco do evento é discutir o quão o país está suscetível a mudanças como as cogitadas para a Previdência.
Em seu discurso, Franco afirmou que o Brasil vive hoje uma "espécie de primavera liberal". Na avaliação do ex-presidente do BC, o momento resulta, em parte, da penúria das finanças públicas, o que torna o investimento de grupos privados como a opção viável para estimular o desenvolvimento da economia. Franco ainda defendeu que medidas adotadas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tiveram impacto negativo no país, o que também teria beneficiado o avanço do pensamento liberal.
— É impossível pensar em um novo ciclo de crescimento público baseado no investimento público — pontuou.
Mattar seguiu a mesma linha de Franco e mencionou que "todos os astros se alinharam para o Brasil". O secretário também contou que resolveu integrar o governo Jair Bolsonaro por estar "indignado com o estado das coisas" no país.
— Existirão os protagonistas e os telespectadores. Não conseguiria viver em paz se não fizesse parte do grupo (do governo) — disse o secretário.
Indagado sobre a experiência à frente da Petrobras, encerrada em junho de 2018, Parente respondeu que buscou desenvolver "planejamento estratégico com sentido" na estatal. Foi durante sua gestão que a companhia adotou a atual política de preços de combustíveis em vigor no país, que tem como base a variação do dólar e do valor do petróleo no mercado internacional. Questionado se a Petrobras deveria ser privatizada, Parente respondeu que setores como o de refino poderiam ser repassados a grupos interessados.
— Uma privatização completa da Petrobras poderia prejudica o plano de privatizações do governo com toda a celeuma e a polêmica que criaria — observou o executivo.
Mattar pegou carona na resposta de Parente e descartou a desestatização de toda a companhia. Segundo o secretário, a Petrobras é uma das quatro estatais que não serão negociadas com a iniciativa privada — as demais seriam Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES. Mattar, no entanto, relatou que subsidiárias da petroleira serão repassadas, o que gerou aplausos do público.
O secretário também disse que a meta de gerar US$ 20 bilhões neste ano aos cofres do governo, por meio de privatizações, será superada:
— Eu garanto US$ 30 bilhões.