Economista referência do candidato ao Planalto João Amoêdo (Novo), o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, esteve nesta quarta-feira (25) em Porto Alegre para falar sobre suas ideias para o país, caso o candidato de política liberal seja eleito em outubro. Na Federasul, Franco criticou as emendas parlamentares e a maneira como o orçamento da União é realizado, com receitas já direcionadas a despesas pré-determinadas.
— É necessário reforçar o orçamento. A emenda parlamentar é uma reserva de mercado para clientelismo político — avaliou.
Um dos idealizadores do Plano Real, Franco avalia que o orçamento deve ser levado a sério, sem privilégios e concessões como é feito hoje, segundo ele.
Caso Amoêdo seja eleito, o economista proporá redução ainda maior da taxa básica de juro, implementação da reforma tributária e aprofundamento da reforma trabalhista. Franco defende a privatização de estatais — para ele, a venda dos ativos proporcionaria a redução da dívida pública e a recuperação do superávit, já que os recursos adquiridos seriam usados para "fazer caixa".
— Ao todo, são 149 estatais, a maior parte com patrimônio negativo. Não é privatizar por privatizar. Nos Correios, por exemplo, é necessário privatizar para assegurar um serviço público essencial — explicou.
Na área social, ele diz que, antes de combater a desigualdade social, é necessário dar prioridade ao combate da pobreza:
— Em um cenário de inovação e progresso, a desigualdade se amplia, mas não se deve reprimir o progresso, não se deve suprimir o incentivo, é necessário irrigar a economia.
Política
Filiado ao Novo desde o ano passado, Gustavo Franco disse, em palestra aos empresários que assistiam à palestra, que não havia espaço para pensar, na prática, o liberalismo dentro do PSDB, seu antigo partido.
— Agora estou em casa — exclamou.
— Antes, não havia partido que apoiasse as ideias liberais, mas os liberais são sempre chamados para apagar incêndios em momentos críticos da economia. Foi assim no Plano Real — completou.
Sobre a gestão do presidente Michel Temer, o economista ressaltou que o peemedebista tem feito um trabalho "bom, mas muito limitado", devido aos problemas com a corrupção e de popularidade. Em tom de desabafo, o ex-presidente do Banco Central afirmou que o PMDB nunca teve entre os seus ideais a política de gestão pró-mercado. A política liberal implementada foi "oportunismo" político, "fingimento". Agora, avalia ele, a defesa desse modo de gerir o país é argumentado com "sinceridade":
— Em 2006 (eleição presidencial), o Geraldo (Alckmin) vestia jaqueta com todas as estatais bordadas em suas costas. Hoje, os candidatos estão vestindo-a pelo avesso.