Uma das maiores empresas do ramo de construção no país em faturamento, a gaúcha Toniolo, Busnello teve na terça-feira (9) o pedido de recuperação deferido pela Justiça gaúcha. O endividamento da companhia, conforme o processo, chega a R$ 153,5 milhões.
Na decisão em que aceitou a solicitação, a juíza Giovana Farenzena, da Vara de Direito Empresarial, Recuperação de Empresas e Falências, da Capital, observa que a situação da empreiteira tem como principal causa a crise econômica brasileira somada à turbulência política, "que culminou com a limitação de orçamento dos órgãos públicos, afetando o setor da construção civil e infraestrutura". A informação foi divulgada nesta quarta-feira (10) pela colunista de GaúchaZH Giane Guerra.
O mais recente ranking de empresas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), ainda com dados de 2017, coloca a Toniolo, Busnello como a sétima maior do segmento no país — e a principal do Estado —, com receita de R$ 746 milhões. O empresário Humberto Busnello, diretor da empresa, diz que, no ano passado, o faturamento caiu para R$ 600 milhões e, para 2019, a previsão é de R$ 350 milhões, menos da metade de dois anos antes.
— São diversas causas. Entregamos várias obras e não houve reposição. Temos grande inadimplência do setor público e do privado. Temos a receber R$ 24 milhões de outras empresas que estão em recuperação judicial — exemplifica Busnello, lembrando ainda que, em 2017, a empreiteira chegou a 3,5 mil funcionários e, agora, são menos de mil.
No Estado, diz Busnello, a empresa tem, hoje, poucas obras na carteira. Um dos trechos da duplicação da RS-118, por exemplo, está parado, por falta de dotação orçamentária, afirma o empresário. Participa ainda do consórcio de duplicação da Avenida Tronco, na Capital, que segue em andamento. As obras no complexo do Pontal do Estaleiro, também em Porto Alegre, são privadas e não serão afetadas, acrescenta o diretor da companhia.
A construtora fundada em 1954 tem ainda contratos em andamento no Nordeste, no projeto de transposição das águas do Rio São Francisco e na área de mineração.
A recuperação judicial serve para dar fôlego a empresas endividadas. Com a medida, são suspensas execuções contra a companhia por 180 dias, e ela terá dois meses para apresentar um plano para reverter o quadro, que precisa ser aprovado pelos credores.
— A perspectiva é otimista. O Brasil precisa de investimento em infraestrutura — diz Busnello.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em geral no Estado, Ricardo Portella, lembra que várias empresas do setor no Rio Grande do Sul entraram em recuperação judicial nos últimos anos:
— Isso se deve a uma crise muito forte no Brasil e no Estado.