Mesmo que em magnitude bem menor, os sindicatos patronais sentiram o impacto do fim do imposto obrigatório. Na busca por tentar reequilibrar as finanças, a estratégia foi buscar outras fontes de receitas, mas também cortar custos, inclusive com demissões. A vantagem das organizações de empregadores é a manutenção do Sistema S, fonte que alcança recursos bem maiores em comparação com o tributo.
Apenas em 2017, o governo federal repassou cerca de R$ 16 bilhões, divididos entre entidades que prestam serviços sociais e de treinamento de mão de obra a entidades de comércio, agricultura, indústria, transportes e cooperativas. O valor foi semelhante ao de 2016, quando os recursos distribuídos do imposto sindical, para comparação, chegaram a R$ 3,6 bilhões.
A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) teve de recorrer até a demissões para tentar reequilibrar o caixa. O imposto sindical, diz o presidente da entidade, Gedeão Pereira, representava cerca de 70% do orçamento. Um terço do que foi perdido foi recuperado com contribuições voluntárias, mas foi preciso enxugar. Dos 80 colaboradores, 14 foram dispensados.
— Diminuímos o tamanho da federação em termos de pessoal. Não sabemos de nenhum sindicato que tenha necessitado se desfazer de patrimônio, mas talvez aconteça. De qualquer forma, o impacto foi para todo mundo, mas sobrevivemos — diz Gedeão.
Os recursos do Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) serviram como amortecedor. Os sindicatos são remunerados, por exemplo, pela cedência dos locais para cursos. Os preços dos treinamentos, que chega a mais de 100 mil pessoas por ano no
Estado, também foram reajustados. Alguns estavam há mais de três anos sem correção, lembra Gedeão.
O presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, revela que, em média, a arrecadação caiu 77% nos 109 sindicatos ligados à entidade, embora o tamanho do abalo seja diferente conforme o perfil de cada organização. Quem tem quadro associativo forte e oferece serviços conseguiu compensar parcialmente, explica Bohn.
Para a Fecomércio, o imposto sindical representava cerca de 10% do orçamento. Agora, é 3%. Bem mais relevante são os recursos do Sistema S, no caso o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Representam 26% do orçamento da Fecomércio.
— Não precisamos reduzir o número de pessoas, mas diminuímos o valor da ajuda financeira que dávamos a algumas instituições e passamos a ter maior austeridade nos gastos. Mas alguns sindicatos diminuíram, sim, o número de executivos — diz Bohn.
Na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), que era favorável ao fim do imposto sindical, o recurso representava cerca de 15% do orçamento. A perda de receita foi de até R$ 3 milhões neste ano, calcula o presidente da entidade, Gilberto Petry.
Na base, alguns sindicatos sofreram mais, outros menos. O metalmecânico, que era comandado por Petry, conseguiu até elevar a receita dessa fonte de forma voluntária, conta o dirigente. A Fiergs precisou enxugar custos em pessoal, material de escritório, passagens e diárias, por exemplo.
— Em uma viagem em que iam três pessoas, agora vai apenas uma. Constantemente precisamos ir a São Paulo ou Brasília — ilustra.
A saída também foi buscar elevar a arrecadação com serviços em fontes como emissões de certificados de origem, cursos para níveis gerenciais mais altos do Instituto Euvaldo Lodi e acordos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.