A queda no padrão de vida dos gaúchos é um dos reflexos da recessão econômica. Em escala de zero a um, o indicador que mede o desempenho do Rio Grande do Sul nessa dimensão caiu 1,8% entre 2015 e 2016, ao passar de 0,618 para 0,607, mostra a quinta edição do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS). Os dados foram apresentados nesta semana.
Mesmo com o recuo, o segundo anual consecutivo, o Estado seguiu no quinto lugar da lista de padrão de vida nas 27 unidades da federação. A série histórica do iRS, com estatísticas desde 2007, aponta que os gaúchos ocupam a mesma posição desde 2010.
Em 2016, o Rio Grande do Sul só não perdeu postos no ranking porque a maioria dos demais também registrou queda – 25 tiveram desempenho inferior. A crise ainda respingou na média nacional – passou de 0,558 para 0,546.
– A economia gaúcha seguiu a maré da brasileira durante a recessão. A questão é que a população do Estado está envelhecendo de maneira mais rápida. Então, para gerar crescimento econômico, precisamos avançar em produtividade. Isso se faz com melhor ambiente de negócios – avalia a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo.
O resultado negativo do Rio Grande do Sul teve impacto das baixas em duas das três variáveis que compõem o índice de padrão de vida. O indicador de renda média caiu de 0,58 para 0,56, e o de ocupação desceu de 0,51 para 0,49.
– São consequências naturais da recessão – frisa Patrícia.
A secretária estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Susana Kakuta, destaca que o Rio Grande do Sul tem de encontrar opções que ajudem a driblar parte das dificuldades em momentos de crise. Conforme Susana, isso significa buscar a modernização de segmentos tradicionais, como o agronegócio, e o crescimento de setores intensivos em tecnologia:
– O Estado tem matriz produtiva diversificada. Com a modernização de setores como agronegócio, é possível agregar valor ao que é produzido. E a maior inserção de segmentos tecnológicos é importante porque as empresas dessa área costumam passar por crises sem quedas tão grandes.
A única das três variáveis de padrão de vida que subiu no Rio Grande do Sul em 2016 foi a que mede a distribuição de renda. A alta de 0,80 para 0,82 sinaliza redução na desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres, mas o coordenador do iRS e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, pondera que o resultado também é reflexo da recessão. Segundo o pesquisador, a crise forçou cortes de empregos e redução de salários, o que diminuiu a distância entre os mais e os menos abastados.
Em 2016, não houve mudanças no pelotão de frente em padrão de vida. O Distrito Federal (0,880) manteve-se em primeiro lugar, seguido por Santa Catarina (0,662), São Paulo (0,655) e Paraná (0,620).