Após receber denúncia sobre a venda de ações do Banrisul por parte do governo do Estado em abril, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Sul solicitou que a Polícia Federal (PF) abra inquérito para investigar a operação financeira. Em nota, o MPF diz que considera haver "indícios da prática de crimes contra o mercado de capitais". Dependendo das conclusões do inquérito policial, pode ser aberta representação judicial.
O governo do Estado realizou dois leilões, neste ano, para vender ações do Banrisul. No dia 27 de abril, foram vendidos 2,9 milhões de papéis ordinários, que dão direito a voto em assembleias. A negociação, com preço mínimo por ação de R$ 17,65, gerou R$ 52,5 milhões. Essa operação não foi divulgada previamente, o que causou surpresa entre analistas e questionamentos sobre a legalidade do processo. No leilão anterior, ocorrido em 10 de abril, o governo havia comunicado ao mercado a intenção de vender 26 milhões de ações preferenciais (sem direito a voto), que renderam R$ 484,9 milhões.
Atualmente, já há outras duas investigações em andamento sobre a venda dessas ações. No início de maio, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia responsável por fiscalizar o mercado de capitais no país, abriu processo interno, a partir da reclamação de um investidor. Também o Ministério Público Estadual abriu inquérito, no fim de junho, para apurar possíveis irregularidades na segunda operação. O Ministério Público de Contas (MPC), provocado sobre o tema, solicitou mais informações e, se considerar que houve irregularidades, vai representar junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O pedido de investigação do MPF partiu de denúncia do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS).