A greve dos caminhoneiros criou vácuo entre postos de combustíveis e as cinco distribuidoras que recebem – por dutos – gasolina e diesel da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), localizada em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. É esse hiato e a necessidade de escolta que fazem o combustível chegar a conta-gotas para a população.
As distribuidoras afirmam estar dependentes dos motoristas e também das forças policiais que dão segurança ao trajeto. Em razão disso, o escoamento do combustível é lento. Para driblar a falta de profissionais nas distribuidoras, algumas redes de postos com frota própria de caminhões-tanques e motoristas dispostos a fazer o transporte buscam o combustível.
Mas, para isso, também necessitam da escolta policial — sem acompanhamento de viaturas, os caminhões são parados no primeiro bloqueio. Foi isso que fez a Rede Vip 24h, grupo formado por 23 postos de combustíveis, 13 lojas de conveniência e uma transportadora. Essa estrutura permitiu que no domingo alguns de seus estabelecimentos atendessem à população de Canoas e de Porto Alegre.
— Está complicado para quem depende de caminhão da distribuidora. Ter os nossos facilitou bastante. Mesmo assim, estamos trabalhando quatro dias sem dormir para tentar entregar o máximo de combustível para a população. Temos vários pedidos feitos, mas dependemos de escolta policial para ser atendidos —disse um gerente da Rede Vip 24h, que pediu para não ser identificado.
A Sim Rede de Postos, com 127 unidades em operação em 44 cidades de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, está recebendo combustíveis apenas para abastecer veículos oficiais. Mesmo com frota própria, a empresa não conseguiu colocá-la para rodar por falta de motoristas e está dependente dos veículos das distribuidoras. Conforme o presidente da empresa, Neco Argenta, os funcionários aderiram à paralisação:
— Eles não querem dirigir. Dizem que apoiam o movimento e que, além disso, o risco é muito grande de apedrejamento, mesmo com escolta. Estamos aguardando o desfecho da greve.
Conforme a Raízen, distribuidora da Shell, na segunda-feira (28) foi escoado apenas 10% do volume regular de outros dias. A BR distribuidora, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não comentaria casos específicos de cada Estado. O diretor-executivo da Unibraspe, Daniel Alves, reforça que apenas caminhões escoltados conseguiram deixar o local na segunda-feira. A reportagem de GaúchaZH não conseguiu contato com a Ipiranga e com a Best.
Conforme o presidente do Sulpetro, sindicato que representa os postos de combustíveis do Rio Grande do Sul, João Carlos Dal'Aqua, os caminhões não saem das distribuidoras, na maioria dos casos, porque os motoristas se negam a dirigir, seja por pressão dos colegas ou fidelidade ao movimento. Há relatos de caminhoneiros que ameaçam pedir demissão caso tenham de fazer o transporte.