O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu a maior parte dos analistas financeiros e anunciou, no final da tarde desta quarta-feira (16), a manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano. Apesar de ser uma decisão que não estava totalmente fora do radar devido à forte valorização do dólar nos últimos meses, a aposta majoritária ainda era de corte de 0,25 ponto percentual, diante da economia fraca e da inflação controlada.
A decisão do Copom foi unânime. Em comunicado, o BC ressaltou que "o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade".
"A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes", diz o texto.
Com a decisão, confirma-se que o atual ciclo de redução do juro básico da economia encerrou-se na última reunião do Copom. De outubro de 2016 – quando estava em 14,25% ao ano – a março de 2018, foram 12 cortes consecutivos da Selic, que somaram 7,75 pontos percentuais.
Dados divulgados nesta quarta-feira confirmam que a atividade econômica brasileira vem perdendo fôlego. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,74% em março, ante o resultado de fevereiro. Com isso, primeiro trimestre de 2018 ficou negativo em 0,13% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.
Na última sexta-feira, o IBGE mostrou que o IPCA, a inflação oficial do país, ficou em 0,22% em abril, enquanto as expectativas do mercado eram de 0,28%.
Nos últimos dias, cresceu o número de analistas financeiros que avaliavam como correta a manutenção do juro em 6,5%. A grande preocupação é a elevação do juro americano, que vem levando a uma valorização do dólar. O movimento do FED, o banco central dos EUA, pode levar a uma saída de capitais do país e, como reflexo, aumentar as pressões inflacionárias.
A moeda americana voltou a se valorizar nesta quarta-feira. Fechou a R$ 3,678, alta de 0,48%.