Em um cenário com demanda por crédito imobiliário aquecido e fontes de financiamento mais escassas, o consumidor que busca a compra de imóveis vai encarar mercado mais restrito e caro em alguns casos.
De um lado, a Caixa, que alterou as condições, restringindo o acesso a linhas com base no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Do outro, parte dos bancos privados aumentou as taxas de juros.
Com isso, os consumidores precisam ficar ainda mais atentos para escolher qual tipo de financiamento se encaixa na sua realidade financeira.
Por exemplo, caso não tenha uma quantia reservada para dar entrada, alguns compradores precisam recorrer a crédito com taxas maiores. Mesmo majorando e alongando a dívida, esse modelo pode ser o mais viável no contexto atual. Entretanto, compradores com verba e bom perfil de crédito tem mais poder de barganha nas negociações.
— Se ele tem recursos próprios de pelo menos 30%, provavelmente é mais vantajoso adquirir um financiamento com taxa menor. Se ele não tiver, ele necessitará de um percentual maior de financiamento, e portanto, dificilmente vai conseguir uma taxa mais baixa e acabará seguindo com um financiamento mais alto (juros). O mais importante é o tomador avaliar as diversas condições que o mercado está oferecendo — explica o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Sandro Gamba.
Na Caixa, os financiamentos com uso do SBPE partem de 8,99% + TR e podem chegar até 11,50% ao ano. O valor da taxa vai depender de uma série de fatores, de acordo com o perfil do usuário, tipo de linha de crédito e condições mercadológicas, segundo a instituição. Nos bancos privados, algumas taxas podem ser mais altas, mas a condição de entrada pode compensar.
Abaixo, veja como é o financiamento com recursos do SBPE em outras instituições financeiras. O formato de entrada, percentual financiado e taxa de juros varia de acordo com o perfil do consumidor.
Banco do Brasil
- Oferece financiamento máximo de até 80% do valor de avaliação do imóvel via SBPE.
- Nas operações com recursos de poupança, as taxas partem de 11,29% a.a. + TR
- As taxas variam de acordo com o perfil do cliente, incluindo empreendedores, pessoas físicas, prazo de financiamento e relacionamento com o banco, segundo a instituição.
- Os financiamentos de operações SBPE têm como valores máximos até R$ 1,2 milhão (SFH) ou até R$ 5 milhões (CH).
Itaú
- Oferece crédito imobiliário com taxa de juros pré-fixada SAC com taxas a partir de 10,79% ao ano, com atualização do saldo devedor pela TR.
- O banco permite o financiamento de até 90% do valor do imóvel.
Banrisul
- Desde outubro, o banco determinou a suspensão temporária de novas operações de crédito imobiliário. A exceção ocorre apenas nas modalidades de financiamento de imóveis em prédios financiados pelo Banco e para imóveis vendidos pelo Banrisul por meio de leilão.
- O banco informa que a medida ocorre “diante do atual cenário no mercado de crédito imobiliário com escassez de funding decorrente da captação negativa da caderneta de poupança que vem se verificando nos últimos anos e a necessidade do Banrisul no atendimento ao direcionamento dos recursos de poupança”
- O banco oferece a modalidade de consórcio, sem a cobrança de juros e taxa de adesão como alternativa.
A reportagem entrou em contato com Santander, mas o banco informou que não “conseguiria participar da matéria”. O Bradesco não retornou pedido de informação da reportagem até as 17h do dia 26 de dezembro.