Depois de 15 trimestres, o investimento na economia brasileira voltou ao azul. Entre julho e setembro deste ano, o indicador que mede a realização de novos gastos para aumento da capacidade produtiva, chamado de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), subiu 1,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores. A alta foi a maior desde o segundo trimestre de 2013, quando o crescimento havia sido de 3,2%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O pesquisador Julio Mereb, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), avalia que a retomada está atrelada à combinação de fatores:
– Há processo de redução de taxa de juro no país. Isso diminui o chamado custo do crédito para empresas. Também houve recuo de incertezas macroeconômicas.
Professor de Economia da UFRGS, Marcelo Portugal acrescenta que a melhora nas expectativas é outro fator de estímulo a novos investimentos. Para o especialista, o resultado positivo do terceiro trimestre indica que o setor está "despiorando".
– É natural que, quando a economia mostre sinais de vida, as empresas façam investimentos para atualizar a capacidade instalada. Mas não me entusiasmo muito. Ainda há grande ociosidade – observa Portugal.
Apesar do avanço no terceiro trimestre, o indicador de investimento segue no vermelho, com baixa acumulada de 3,6% em 2017. Em relação ao terceiro trimestre de 2016, a queda foi de 0,5%.
– O que está ocorrendo são investimentos leves, mais restritos, como a modernização de linhas de produção. Não são grandes blocos de aportes. Apesar disso, a alta de 1,6% não é algo de se jogar fora – salienta o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.
Para o especialista, o investimento na economia brasileira deve seguir no terreno positivo no último trimestre deste ano, com desempenho similar ao de julho a setembro. Segundo Cagnin, "o viés é favorável, apesar da existência de incertezas políticas".