A queda de 1% registrada pelo setor de serviços em agosto ante julho foi o pior desempenho para o mês dentro da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi ainda o mais negativo desde março de 2017, quando o volume de serviços prestados tinha diminuído 2,4% em relação a fevereiro. Já a redução de 2,4% no volume de serviços prestados em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior manteve a sequência de taxas negativas iniciada em abril de 2015.
Os resultados negativos no setor de serviços em diferentes comparações ainda impedem que se possa falar em recuperação no setor, avaliou Roberto Saldanha, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
– A indústria caiu também, o comércio caiu também. O setor de serviços mostrou que acompanhou a tendência dos outros setores em agosto – afirmou Saldanha.
Segundo o pesquisador, os serviços prestados às famílias (como alimentação e alojamento) tiveram uma queda pontual em agosto ante julho. Embora o segmento venha de resultados positivos em meses anteriores, não consegue impulsionar sozinho o setor de serviços como um todo. A recuperação depende ainda de uma maior contratação de serviços por parte das empresas e dos governos.
– O setor de serviços está tendo essa dificuldade para reagir porque precisa de uma alavancagem maior de outros setores da economia para puxar essa contratação – disse Saldanha.
Por enquanto não há uma retomada da atividade econômica que justifique uma maior contratação de serviços, observou o analista.
– Não se identifica no momento uma evidência de que possa levar a um resultado positivo. Não está se verificando uma retomada num nível mais constante da economia como um todo que possa puxar o setor de serviços – afirmou.
Na comparação com agosto do ano passado, a queda no volume de serviços prestados foi de 2,4% em agosto deste ano. Mas a base de comparação elevada para alguns setores, por conta da realização dos jogos olímpicos Rio 2016, explica as perdas mais acentuadas em segmentos como serviços prestados às famílias (-4,4%) e serviços audiovisuais, edição e agências de notícias (-16%).
– Audiovisuais teve receita extra com publicidade e propaganda – lembrou Saldanha.
No agregado das atividades turísticas a queda foi de 8,1% em agosto ante agosto do ano passado.