Alicerce do desenvolvimento, a educação é a dimensão avaliada pelo iRS em que o Rio Grande do Sul está pior colocado na comparação com as demais unidades da federação. É apenas o oitavo no ranking com os dados de 2015, posto que ocupa há três anos consecutivos, após figurar na quarta colocação no início da série histórica, em 2007. Mais preocupante é o ritmo da evolução do índice dos gaúchos. Há uma lenta melhora ao longo dos anos, mas na média nacional o avanço é mais rápido. A liderança é de São Paulo, seguido pelo Paraná.
O vagaroso progresso dos estudantes gaúchos na Prova Brasil, uma das três variáveis consideradas, reflete o quadro. Na avaliação do aprendizado dos alunos do 4º ano do Ensino Fundamental em matemática e português, de 2014 para 2015 o Rio Grande do Sul teve avanço no desempenho, mas caiu de sexto para sétimo no ranking, superado pelo Espírito Santo.
A taxa de distorção entre idade e série no Ensino Médio também aponta que o Estado melhora a passos mais lentos. Na rede gaúcha, 26,4% dos alunos em 2015 não tinham a idade ideal (15 a 17 anos). É melhor apenas que o Rio nas regiões Sul e Sudeste. Desde 2007, a taxa brasileira caiu de 42,4% para 27,4%, aproximando-se do Rio Grande do Sul. No caso gaúcho, a redução foi de 33,8% para 26,4%.
À frente da equipe que elabora o iRS, o coordenador do curso de Economia da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, observa que a educação é a variável mais estável do índice porque as mudanças tomam tempo para se consolidar. O avanço, sustenta, deve ser baseado em planos que tratem diretamente de aspectos educacionais – como valorização e treinamento de professores e melhora da infraestrutura –, mas também é essencial que as crianças estejam aptas a aproveitar o que é oferecido, não sejam tiradas da escola para trabalhar e nem cheguem à sala de aula com fome ou sem material escolar.
– Acredito que possamos combinar ações pontuais de curto prazo, que tenham impacto imediato e possam ser implementadas em um contexto de crise fiscal do Estado, com planejamento de longo prazo. Precisamos responder com convicção: qual educação queremos? – pontua Mattos.
O secretário estadual de Educação, Ronald Krummenauer, admite insatisfação com os resultados. Lembra que, além dos pontos que podem ser atacados por gestores, há problemas paralelos que geram evasão ou dificultam o aprendizado, como gravidez precoce, recrutamento de jovens pela criminalidade e necessidade de ajudar no sustento das famílias.
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Para o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação, André Lemes da Silva, entre os problemas está a falta de financiamento para garantir boa infraestrutura nos colégios e remuneração digna aos professores. Mas há como melhorar o desempenho com iniciativas nas próprias cidades, diz Lemes:
– Temos instigado os gestores municipais a incentivarem a formação continuada de seus professores, uma qualificação permanente.
Segundo Lemes, há como as próprias escolas resolverem deficiências ao detectarem problemas como evasão, reprovação e dificuldade de aprendizado em áreas específicas.
Uma novidade deste ano do iRS foi o aperfeiçoamento da metodologia, com a inclusão de uma variável, a taxa de matrícula no Ensino Médio.