A Sondagem Industrial do RS de março, que fecha o primeiro trimestre de 2017, divulgada nesta quinta-feira pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), mostra uma melhora na atividade e o maior crescimento da produção gaúcha nos últimos quatro anos, com 57 pontos. Ao mesmo tempo, o emprego industrial registra perdas menos intensas nos meses recentes. Ficou em 49,5 pontos, o que significa um quadro de funcionários muito próximo da estabilidade em relação a fevereiro (49,7). Os indicadores variam de zero a cem pontos. Valores menores que 50 indicam queda da produção e do emprego, expectativas negativas e estoques abaixo do esperado.
"A elevada carga tributária e a demanda interna insuficiente foram os maiores entraves enfrentados pela indústria gaúcha nos três primeiros meses do ano. Esses dois fatores impediram um desempenho melhor para o setor no período”, afirma o presidente da Fiergs, Heitor José Müller.
Leia mais:
Economia de Caxias do Sul cresce 5,7% em março
Produção industrial no Brasil sobe 1,1% em março, aponta IBGE
Confiança do industrial gaúcho registra recuo em abril
Mesmo com a atividade mais intensa, a ociosidade na indústria gaúcha preocupa. No levantamento, segue elevada, visto que o percentual da capacidade instalada apurado em março (68%, ante 66% em fevereiro) está quatro pontos percentuais abaixo da média histórica para o mês. Outro indicador da indústria gaúcha, o de estoque de produtos finais, registra o maior acúmulo em março. Aumentou em relação ao planejado, chegando a 52,8 pontos, o que evidencia excesso diante do esperado pelas empresas.
A sondagem referente ao primeiro trimestre de 2017 aponta para um quadro marcado pela insatisfação disseminada entre as empresas com as condições financeiras (43,5 pontos) e margens de lucro (37,6 pontos), agravado pela grande dificuldade de acesso ao crédito (32,6 pontos) e pelo aumento de custos com matérias-primas (61,1 pontos).
Além da elevada carga tributária, apontada como principal problema enfrentado por 57% das empresas pesquisadas, e da baixa demanda interna (40,2%), outros itens ganharam importância como entraves ao setor nos três primeiros meses do ano. A falta de capital de giro manteve o percentual (26,4%), mas subiu da quinta para terceira posição. Com percentuais muito próximos, as taxas de juros elevadas (23,9%) e a inadimplência de clientes (23,4%) foram o quarto e quinto problemas mais apontados.
Para os próximos seis meses, as perspectivas ficaram menos otimistas. Mesmo que seus indicadores permaneçam no terreno positivo, eles voltaram a cair. As expectativas de demanda (56,3 pontos) e compras de matéria-prima (54,8 pontos) se mantêm positivas em abril, mas inferiores a março. Já o otimismo com as exportações aumentou: o indicador subiu de 55,9 para 56,5 pontos no período. Em relação ao número de empregados, o indicador de expectativas em 49,2 pontos, em abril, volta a projetar queda. Com o menor otimismo, a intenção de investir nos próximos seis meses recuou de novo. O indicador ficou em 46,1 pontos, valor 2,5 pontos inferior a março.