O presidente do conselho consultivo da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, em Porto Alegre. De acordo com nota da assessoria de imprensa do grupo, o empresário foi ouvido no âmbito do inquérito 4347, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e tem relação com a Medida Provisória (MP) 627, de 2013, que alterou regras da tributação de lucros de empresas brasileiras com negócios no estrangeiro e resolveu pendências para o pagamento de dívidas com o Fisco.
A empresa siderúrgica afirma que participou, de forma legítima e em conformidade com a legislação brasileira, de discussões sobre a bitributação de lucros provenientes do Exterior, lideradas por entidades de classe e em conjunto com outras empresas de atuação internacional". Informa ainda que "segue à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados" e que "o depoimento não tem relação direta com a Operação Zelotes". Essa investigação da PF tem dois focos: a suposta compra de MPs durante os governos Lula e Dilma Rousseff e a suposta sonegação fiscal praticada por meio de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão que avalia débitos de contribuintes com a Receita Federal.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada em janeiro, um relatório do Ministério Público Federal (MPF) relacionado à Zelotes informa que a Gerdau teria sido favorecida durante as negociações no Congresso envolvendo a MP 627. O documento do MPF sustenta que o então secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, hoje ministro do Planejamento, teria participado de tratativas com Jorge Gerdau. Para os investigadores, segundo o jornal, haveria indícios de que, graças a conversas com Dyogo e parlamentares, Gerdau teria redigido emendas que tramitaram no Congresso.