O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que as amostras de carne e outros produtos das 21 empresas alvo da Operação Carne Fraca não trazem risco à saúde do consumidor, embora apresentem irregularidades. Técnicos do governo recolheram 174 amostras em 22 Estados e produziram 12 laudos referentes às três empresas interditadas na semana passada – Peccin, Souza Ramos e Transmeat.
Entre as falhas verificadas pelo Ministério da Agricultura estão excesso de água na carne de frango, troca de ingredientes e quantidade de amido acima do permitido. O ministro deixou claro, porém, que apenas os produtos da Peccin foram retirados do mercado. O restante foi recolhido para análise e, sem anormalidades, será devolvidos aos pontos de venda.
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Durante a entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira, Maggi também anunciou que a pasta da Agricultura enviará interventores aos frigoríficos do Paraná e de Goiás.
– Tanto no Paraná quanto em Goiás vamos fazer uma intervenção a partir de amanhã (terça-feira). Faremos a indicação do interventor para as unidades, uma pessoa isenta que faça a varredura lá dentro. Muito provavelmente temos brigas políticas lá dentro que façam aflorar problemas de dentro pra fora.
Sobre a reunião com superintendentes, Maggi afirmou que um dos principais pontos tratados foi a indicação política para os cargos.
– Nenhum dos (superintendentes) que são de carreira assumiram seus postos sem se articular politicamente – assegurou, lembrando que todos os cargos preenchidos por lista tríplice dependem da política, e que isso também ocorre no Ministério da Agricultura.
– Mas eu falei para eles: as pessoas podem ter chegado a esse posto com apoio político, mas as responsabilidades deles são para com o Brasil, para com o Ministério da Agricultura, e eles não podem atender pleitos políticos em questões técnicas. Não tem que ficar fazendo favor político.
Exportações
Comentando a queda no número de exportações desde a deflagração da Operação Carne Fraca, Maggi avaliou que o país terá um longo percurso até reconquistar a confiança dos mercados interno e externo.
– A média (das exportações) era de US$ 63 milhões por dia. No dia da fase mais aguda, caiu para US$ 74 mil. Toda a mercadoria que foi produzida nesses dias será embarcada, com exceção de uma empresa (JBS), que parou por três dias. Nossa preocupação era que, se tivesse permanecido essa suspensão temporária (de exportações), não teríamos onde estocar a mercadoria, por isso a pressa. Espero, sinceramente, que a gente encontre um número invertido dentro de alguns dias, porque tem muitos produtos nos portos para embarcar.
Segundo o ministro, após a retomada das exportações, será necessário resgatar a imagem do produto brasileiro no Exterior.
– Divido esse momento em duas partes. A primeira é restabelecer as exportações. (...) Eu acho que a segunda fase vai ser uma briga, reconquistar a confiança dos consumidores de fora, dos consumidores internos, e garantir que as empresas possam fazer as exportações. Acho que teremos problemas, já que nossa imagem foi muito atacada, os comentários de fora são muito ruins.
Maggi acredita que os concorrentes do Brasil no mercado externo estão aproveitando o momento de fragilidade para conquistar compradores. Após resolver a parte "política e técnica", segundo ele, as associações do setor e o governo devem "sair e procurar seus parceiros comerciais para restabelecer os canais de exportação".
Na noite desta segunda-feira, às 21h30min, o ministro fará uma conferência com as autoridades de Hong Kong – que suspenderam a importação da carne brasileira – para prestar mais esclarecimentos sobre a operação.
– Vamos ver se hoje a gente consegue convencê-los – disse, ao destacar a importância da reabertura das exportações para a China.
*Zero Hora