Com as receitas decepcionando, o governo está totalmente dependente do programa de repatriação de recursos para cumprir a meta que propôs, de fechar este ano com R$ 170 bi de déficit primário – que não inclui gastos com os juros da dívida. Esta, em resumo, é a avaliação de economistas sobre os números apresentados no relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado na quinta-feira.
Na avaliação do economista Felipe Salto, fica cada vez mais claro que a economia não está reagindo como se desejaria.
– O que continua a preocupar é a dificuldade de geração de resultados fiscais primários melhores em meio a um quadro recessivo e em que a recuperação da atividade está demorando a dar as caras: a meta deste ano ainda não subiu no telhado, mas a meta do ano que vem, neste contexto, me parece bastante comprometida – diz Salto.
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A comparação do relatório de quinta-feira com o anterior mostra que houve R$ 9 bi de frustração de receitas. Parte foi coberta pelos R$ 6,2 bi já conseguidos com a repatriação.
Para um analista que não quer ter o nome revelado, a evolução da receita sinaliza que a repatriação terá de cobrir entre R$ 6 bi e R$ 9 bi da meta. Neste contexto, preocupa o fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, insistir em defender a inclusão de familiares de políticos no programa. A mudança estenderia o prazo final para adesão e geraria insegurança jurídica.
– Nem todos se sentiriam confortáveis em aderir junto com parentes de políticos, cuja origem do dinheiro pode ter questionamentos – diz um analista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.