Dois dos principais membros da equipe de Michel Temer voltaram a dar sinais nesta segunda-feira de que uma eventual alta nos impostos permanece no radar do governo federal. Enquanto o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que o governo não descarta "aumentos pontuais" de tributos para equilibrar as contas públicas caso as previsões de receita não se confirmem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, citou que a medida é estudada como "última alternativa".
– Vamos fazer a previsão e se necessário, sim, faremos aumentos pontuais, mas apenas se necessário, porque é possível que não seja necessário – disse o Meirelles após participar de seminário na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no centro da capital fluminense.
Até o dia 31 de agosto, a área econômica vai analisar o crescimento das receitas públicas, previsto para ocorrer neste ano e em 2017, e o possível ingresso de recursos com privatizações, concessões e outorgas. O objetivo é garantir que o déficit não ultrapasse os R$ 170,5 bilhões previstos na meta fiscal. Segundo Meirelles, o governo ainda não definiu quais seriam os setores atingidos pela eventual elevação de tributos.
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Questionado sobre as declarações de Meirelles, Eliseu Padilha afirmou que o "maestro" da política econômica é o presidente interino, Michel Temer, e que o ministro da Fazenda está correto ao cogitar o aumento de impostos como último recurso.
– Governo toca com maestro que chama Michel Temer e a equipe econômica, toda ela, vai no rumo daquilo que o presidente tem colocado. Claro que presidente ouve os técnicos, mas a decisão sempre é do presidente – disse. – E o ministro Meirelles está dizendo o que é verdade: se não tem outro caminho (pode ter aumento de imposto). Ele tem razão sim, ele é o responsável por manter as contas em dia – completou.
Padilha disse que é natural que a Fazenda faça com periodicidade reavaliações sobre o cenário econômico.
– Esse é o papel, ele (Meirelles) faz bem, ele tem que avaliar o cenário, a cada bimestre faz um relatório – disse, referindo-se ao relatório de despesas e receitas do governo.
O ministro ressaltou que ele não estava "falando nada em aumento de imposto" e que isso será uma alternativa em "último caso".
– O presidente Michel disse que, em último, quando não tiver outra alternativa – disse, destacando que essa é a mesma opinião de Meirelles.
Apesar de ter dito que Temer é o "maestro" do governo, Padilha ponderou que o ministro da Fazenda é que cuida das contas e a "palavra dele é absolutamente lei".
– O que ele disse é o que o governo vai fazer. Eu pessoalmente, que também cuido da área política, eu confio muito de que nós vamos aprovar todas as medidas com quórum de mais de dois terços – destacou.
*Zero Hora, com Agência Brasil e Estadão Conteúdo