O tom da chiadeira com a intenção do Piratini de elevar alíquotas de ICMS ainda não é o mesmo entre as principais entidades empresariais do Estado, mas a conclusão é semelhante: carga tributária maior não vai resolver o problema fiscal do Estado e será mais um entrave para a recuperação da economia.
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, lidera no volume das queixas. Em sua visão, o aumento da alíquota geral do imposto de 17% para 18% prejudicaria ainda mais o Estado em um momento de retração da atividade do país. Ele afirma, inclusive, que a conjuntura atual demandaria alívio tributário, e não aumento da carga, que faz crescer custos de produção e pode alimentar ainda mais a inflação.
- Já está provado que elevar imposto não resolve - resume Bohn.
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O presidente da Fecomércio garante que a entidade vai fazer barulho para pressionar contra a aprovação do projeto na Assembleia, inclusive lotando as galerias durante as sessões de votação.
- Vamos deixar os deputados constrangidos. Não para derrotar o governo, mas para não impor esse custo à sociedade - afirma.
Do lado da indústria, o discurso é parecido. Heitor José Müller, presidente da Fiergs, também enxerga efeito negativo do aumento do ICMS na economia. Ele lembra que o custo maior para indústria seria repassado para o comércio que, por sua vez, seria obrigado a cobrar mais dos consumidores.
- Entre 1995 e 2014, a arrecadação de impostos no Estado cresceu 145%. Nesse período, o PIB subiu 56% e a indústria, apenas 28%. - observa Müller, com base em dados apurados pela entidade.
Mesmo contrariado, o presidente da Fiergs pondera que é preciso esperar para avaliar quais outras medidas serão apresentadas pelo governo à Assembleia antes de planejar mobilizações. Para ele, junto à mudança do ICMS, o governador José Ivo Sartori precisa se comprometer com iniciativas que levem ao enxugamento da máquina pública, recorrendo a privatizações e extinção de estatais, autarquias e fundações de pouca utilidade.