Não é lá grande novidade o fato de que, cada vez mais, pagamos carga insuportável de impostos em muitos casos. E, o pior, em grande parte das vezes, sem retorno algum. Sem saúde, sem educação, sem segurança, pagando pedágios nas estradas que percorremos. Neste ano, a carga tributária do país deve aumentar para 36,42% do Produto Interno Bruto (PIB) ante os 36,37% calculados em 2012.
É a maior entre os Brics e, vale lembrar, era de 22,39% em 1986, ano do Plano Cruzado. Desde 2000, se encontra acima do nível de 30%, mostra estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação.
Embora não seja algo inédito este volume de tributos excessivo, nem por isso deve passar em brancas nuvens o fato de que, pelo 18º ano seguido, a tabela do Imposto de Renda será corrigida abaixo da inflação em 2014.
A última correção automática da tabela entra em vigor a partir do próximo mês e elevará em 4,5% as faixas de cobrança - ante a inflação de 5,85%, medida pelo IPCA-15.
A defasagem, que deverá fechar este ano próxima de 66%, faz com que o Fisco chegue ao bolso de cada vez mais brasileiros, consumindo parte de seus novos rendimentos.
Infelizmente, esta tendência vem desde 1996, quando houve o congelamento da tabela do IR, que durou até 2001. Nos anos seguintes, todos os reajustes foram abaixo do IPCA. Assim, o aumento da tributação sobre o assalariado não para. Trabalho da consultoria EY mostra que, em 1996, a isenção do imposto beneficiava quem recebia até 6,55 mínimos, relação que despencará para 2,47 em 2014.
Tema certo para a campanha eleitoral que se aproxima, embora as esperanças de melhora não sejam lá nada otimistas. Até porque uma reforma tributária ainda vai demorar muito tempo para ser implementada enquanto União, Estados e municípios não aceitarem abdicar de R$ 1 sequer.
Com interesses conflitantes, o contribuinte fica na mesma situação de hoje: paga tributos altíssimos sem retorno algum, infelizmente.