Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) indica que o país cresceu 1,64% no ano passado. Se for levado em conta o ajuste sazonal, cai para 1,35%. Mas o dado mais preocupante foi que a economia desacelerou no final de 2012.
O avanço foi de apenas 0,26% em dezembro, um período considerado bom para o consumo, enquanto em novembro havia subido 0,56%. Na prática, foi o pior desempenho nos últimos três anos.
- Mostra que o último mês de 2012 foi mais fraco do que o esperado e sinaliza que o primeiro trimestre de 2013 também não vai ser empolgante - afirma Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mercado projeta alta de somente 1% no PIB
Além disso, a divulgação do índice ontem reforçou a sensação no mercado financeiro de que o PIB de 2012, a ser anunciado no dia 1º de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será fraco. A expectativa é de um crescimento ao redor de apenas 1%. Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, lembra que houve descolamento entre os indicadores do BC e do IBGE no terceiro trimestre - pelo IBC-Br, a alta chegou a 1,1%, e pelo IBGE, ficou em 0,6%.
- A expansão apontada pelo BC foi bem maior do que o indicado pelo IBGE. Como não é feita uma revisão de dados, já era previsto que a diferença vista no meio do ano impactasse o resultado final - explica Bacciotti.
O diretor de gestão de recursos da Quantitas Asset Management, Rogério Braga, avalia que a diferença entre os números do BC e do IBGE é pontual e não compromete a credibilidade do índice.
- Historicamente há uma correlação forte e é por isso que o IBC-Br serve de referência. O Banco Central é uma instituição muito respeitada - afirma Braga.
Resultado favorece manutenção do juro
A desaceleração da economia na reta final do ano passado favorece a manutenção da taxa básica de juro, atualmente em 7,25% ao ano, avalia Castelar. Com base em declarações da equipe econômica do governo, analistas do mercado financeiro começavam a projetar um eventual aumento na taxa Selic para tentar conter a expectativa de alta nos preços. O movimento levou o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na terça-feira a usar um tom mais incisivo.
Tombini negou riscos de descontrole inflacionário e reiterou que a estratégia de manter a taxa básica inalterada ainda é válida. Ao mesmo tempo, admitiu que em algum momento o BC poderá voltar a elevar a Selic, por motivos técnicos, mas menos intensamente que no passado.
- O governo deve manter os juros estáveis, pois estão de olho em um PIB (Produto Interno Bruto) maior em 2013. Vai ser um ano em que o governo já vai estar pensando nas eleições de 2014 - afirma Castelar.
Para o economista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti, o cenário é de incerteza, mas o ritmo mais moderado no final do ano pode fazer o governo adiar mudanças na taxa de juro e optar por outras estratégias para combater a inflação.
- Talvez através do câmbio ou até mesmo fazendo um ajuste fiscal maior este ano - sugere.