O sócio responsável para o segmento automotivo da Roland Berger Strategy Consultants, Stephan Keese, afirma que a nova prorrogação do benefício do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para a compra de automóveis é uma medida "defensiva", que busca sustentar as vendas até o final do ano. No entanto, Keese reclamou que o governo, ao anunciar a medida com cinco dias úteis restantes em outubro, acabou com as chances de uma corrida dos consumidores às concessionárias, para aproveitar o que seria o final do desconto.
- Agora não há a necessidade de os consumidores correrem às lojas para comprar o carro - disse.
Keese acredita que as vendas de veículos em 2012 ficarão um pouco abaixo da previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de alta entre 4% e 5%. Diz que o mercado já está de olho no desempenho em 2013, mas as expectativas não são de crescimento.
- O mercado espera uma estagnação das vendas em 2013 - observou.
O dirigente da Roland Berger Strategy Consultants tem a mesma expectativa para a economia brasileira no ano que vem:
- Não vejo uma aceleração significante da economia. Sem estímulo externo não vejo como a economia brasileira crescer.
Segundo o consultor, o IPI reduzido teve um grande efeito sobre as vendas de veículos nos três primeiros meses de sua implementação, junho, julho e agosto, mês em que o setor bateu recorde histórico de vendas, com 405.511 veículos leves emplacados.
- A maioria das pessoas já comprou carro com o IPI reduzido. Não é possível continuar com essa política além de seis meses, ela perde a eficácia - destacou Keese.
No entanto, considera que a prorrogação do benefício é necessária para manter o nível de vendas nos dois meses finais do ano, que geralmente são fracos por conta dos feriados existentes.
- Além disso, não há uma predisposição das famílias para comprar carro no final do ano. O carro não é presente de Natal, e as famílias têm muitos gastos no final do ano - ponderou.