Horas antes de um jantar reservado em Hannover, as chefes de governo de Brasil, Dilma Rousseff, e Alemanha, Angela Merkel, mostraram porque são chamadas de mulheres fortes.
Na abertura de uma feira de tecnologia, cenário mais adequado a troca de amenidades do que a um confronto verbal, Angela surpreendeu até a imprensa alemã ao apontar "medidas protecionistas unilaterais" diante da presidente do Brasil, porta-voz de promessas de medidas de defesa comercial.
Havia expectativa de que Dilma falasse dos riscos da injeção de dinheiro patrocinada pelos países desenvolvidos. No entanto, a presidente do Brasil subiu ao púlpito primeiro e foi diplomática.
Angela, porém, mostrou que o discurso anterior da colega emergente havia ecoado nos gabinetes germânicos. Contra-atacou reclamando de mecanismos de proteção comercial adotados por Brasil e outros países emergentes, como a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros importados do final do ano passado.
Presidente da Fiergs, Heitor Müller não teve dúvida de que a líder alemã quis passar um recado. Assim como a maioria dos dirigentes industriais brasileiros, Müller não só concorda como tem defendido mais medidas de proteção.
- Fazemos pouco em comparação com o que há por aí. O câmbio artificial é o pior protecionismo - rebateu Müller.
Pressionada por exportadores, Dilma avisou que prepara mais medidas. Quer enfrentar a guerra cambial que ganhou adesão da Europa no pelotão de ataque formado até então por Estados Unidos e China. Por meio do controle do câmbio, como na China, ou pela via da emissão de dólares e euros, esses países provocam desvalorização de suas moedas.
Como a enxurrada de dinheiro nos mercados emergentes parece inevitável, o governo brasileiro estuda ações para tentar conter a valorização do real, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital estrangeiro.
A presidente voltou a afirmar que medidas dos países ricos gera efeito nocivo sobre economias emergentes.
- O câmbio virou uma forma artificial de proteção - reiterou.
Confronto verbal
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