Espetáculo de beleza animal, velocidade e força bruta, o Freio de Ouro 2024 conheceu os seus campeões neste sábado (31), na Arena do Cavalo Crioulo, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
Um dos pontos altos da programação da Expointer, a tradicional competição teve como vencedor, entre os machos, o equino Jalisco da GAP São Pedro, montado pelo ginete Daniel Teixeira. O animal foi exposto pelo Condomínio Jalisco da GAP São Pedro.
Na disputa das fêmeas, a campeã foi a égua Capanegra Doña Guinda-TE, em conjunto com o ginete Eduardo Weber de Quadros. O criador e expositor é Fernando Dornelles Pons.
Sócio-proprietário do cavalo Jalisco da GAP São Pedro, José Ernesto Ferreira definiu o exemplar como "craque" ao mencionar os predicados que o levaram à vitória.
— A genética dele é impressionantemente funcional e é maravilhoso de lindo. É um cavalo completo. Acreditamos que hoje é um dos mais completos da raça — avaliou Ferreira, instantes antes da premiação.
Pons, criador da vencedora entre as fêmeas, contou que a mãe de Capanegra Doña Guinda-TE, chamada Capanegra Oña Guinda, foi campeã do Freio de Ouro em edição anterior. Uma dinastia de títulos na competição.
— Estou muito contente com isso. Mãe e filha campeãs. Elas não são de altas notas na prova de morfologia (conformação física), mas são muito funcionais. Temperamento muito bom, mansas, inteligentes. Hoje, ela (Doña Guinda-TE) começou o dia em sexto lugar e cresceu degrau por degrau pela doma, treinamento e saúde. A mãe dela nunca tomou uma injeção. E ela segue no mesmo caminho. Isso favorece porque dá muita resistência — comentou Pons.
Como um animal vira campeão do Freio de Ouro
Vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC), Fernando Gonzales destaca os critérios decisivos para um equino tornar-se campeão.
— O objetivo do Freio de Ouro é a seleção de raça. Buscamos o animal com a melhor conformação, o animal mais bonito, e que contemple as características desejadas da raça: mansidão, velocidade, submissão, capacidade de trabalhar com o gado e resistência. Os animais campeões são desejados para a reprodução. Por isso, se considera uma seleção de raça — diz Gonzales.
Os jurados atribuem notas para a precisão dos movimentos e também há o quesito morfológico, que analisa a conformação física do equino, incluindo a beleza.
Como funciona a domada no Freio de Ouro
As manobras realizadas na pista remetem à lida campeira pecuária. São atos da arte de tocar o gado.
O aspecto da atividade econômica é somado à relação do gaúcho com o cavalo. São fatores que lançam uma aura de tradição e história sobre o Freio de Ouro.
— O cavalo no Rio Grande do Sul tem uma conotação diferente. Ele move uma paixão. Todas as vitórias, batalhas, conquistas e derrotas que nosso Estado teve foram na pata de cavalo. Isso traz a conotação diferente e o cavalo crioulo se insere nisso. E somos um Estado agropecuário, que pouco tempo atrás era extremamente pecuário — afirma César Augusto Rabassa Hax, presidente da ABCCC.
Ele diz que o Freio de Ouro promove uma mescla da cultura gaúcha com a história do Rio Grande do Sul, apimentada pela relação sentimental com o cavalo crioulo.
Dificuldades com a enchente
Hax avalia que, em razão da enchente, a edição deste ano impôs mais dificuldades do que o habitual. Houve criadores que perderam animais e sofreram danos em propriedades.
A arena de competições, no Parque de Exposições Assis Brasil, contabilizou estragos "consideráveis" que foram reparados em tempo.
— Chegamos num momento bom, com tudo reconstruído. Somos vencedores e merecemos estar aqui — comemora Hax.
A arena, dotada de um amplo telão suspenso sobre a pista com transmissão ao vivo, ficou lotada durante as provas e as arquibancadas não deram conta. Havia gente assistindo de pé e trepada na cerca de madeira que demarcava o local de competição. Animado, o público vibrava a cada movimento bem executado pelos conjuntos.
As provas
A grande final reuniu 16 machos e 16 fêmeas que participaram de três provas no decorrer do sábado, recebendo notas dos jurados.
A primeira foi a Mangueira, disputada em uma pista menor. Nesta etapa, dois bovinos ingressam na arena e ficam lado a lado. O cavalo, guiado pelo ginete, avança sobre eles e aparta os bois, que passam a ficar afastados.
Na sequência, o conjunto faz movimentos de curtas disparadas e inversões de direção para se manter entre o gado, impedindo que os bovinos voltem a se juntar. São movimentos de domínio, combinando explosão e técnica.
A Mangueira tem uma segunda etapa em que apenas um boi é mantido na pista. O animal corre em círculo enquanto o conjunto lhe espreita. Quando o bovino está encurralado, o equino acerta uma bruta trombada na sua costela, jogando-lhe contra o brete. O movimento de domínio ocorre duas vezes, com uma pechada de cada lado.
Em seguida, na pista maior e comprida, a segunda prova: Bayard-Sarmento. Os conjuntos disparam em corrida veloz, brecam repentinamente, jogando areia para o alto, e giram plasticamente sobre patas para os dois lados.
A última prova é a Paleteada. Nessa, dois conjuntos de cavalos e ginetes competem simultaneamente. Eles fazem uma corrida veloz na pista, de ida e volta, tendo entre eles um gado.
Ciclo
Os 16 machos e as 16 fêmeas que disputaram a finalíssima do Freio de Ouro neste sábado superaram o ciclo de um ano de seletivas que envolveram cerca de mil animais.
A primeira eliminatória é chamada de credenciadora. Os aprovados vão às semifinais, que acontecem em oito regionais, incluindo etapas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Argentina e Uruguai. Na Expointer, chegaram 48 machos e 48 fêmeas para a disputa do Freio de Ouro, em uma fase que já é considerada final.
Provas foram realizadas entre quarta-feira (28) e sexta-feira (30) para afunilar e selecionar os grandes finalistas deste sábado.
Confira os vencedores do Freio de Ouro 2024
Machos
Freio de Ouro
- Jalisco da GAP São Pedro - 22,105 pontos
- Ginete - Daniel Teixeira
- Expositor - Condomínio Jalisco da GAP São Pedro
Freio de Prata
- Campana Echo a Mano - 21,065 pontos
- Ginete - Tomaz Gonçalves
- Expositor - Andre Rodigheri
- Estabelecimento - Cabanha Rodigheri, de Osório (RS)
Freio de Bronze
- Jacinto Cala Bassa-TE - 20,924 pontos
- Ginete - Marcelo Móglia
- Expositor - Marcelo Móglia
- Estabelecimento - Cabanha Cala Bassa, de Bagé (RS)
Freio de Alpaca
- Leopardo da GAP São Pedro-TE - 20,076 pontos
- Ginete - Nathan Valadão
- Expositor - Condomínio Leopardo
- Estabelecimento - GAP São Pedro, Cabanha Pitangueira e Cabanha Porteira de Ferro, de Uruguaiana (RS)
Fêmeas
Freio de Ouro
- Capanegra Doña Guinda-TE - 21,177 pontos
- Ginete - Eduardo Weber de Quadros
- Expositor - Fernando Dornelles Pons
- Estabelecimento - Cabanha Capanegra, de Dom Pedrito (RS)
Freio de Prata
- Iluminada do Rio Negro - 20,822 pontos
- Ginete - Ricardo Gigena Wrege
- Expositor - Gustavo Camponogara
- Estância Rio Negro, de Bagé (RS).
Freio de Bronze
- Saudades Hija Buena - 20,712 pontos
- Ginete - Eduardo Weber de Quadros
- Expositor - Condomínio Cerro Chenque
- Estabelecimento - Fazenda Capão Redondo, de Barra do Ribeiro (RS)
Freio de Alpaca
- Oferenda da Tamanca - 20,570 pontos
- Ginete - Ricardo Gigena Wrege
- Expositor - Lauro Cardoso Terra e Filhos
- Estabelecimento - Estância Tamanca, de Santa Vitória do Palmar (RS)