Entre os investimentos mais convencionais para alcançar uma reserva de aposentadoria, estão os planos de previdência privada. Eles ajudam a organizar os depósitos, cobrando as parcelas por meio de boletos mensais ou débito em conta e, a cada 12 meses, atualizam o valor das parcelas pela inflação. Sacar da previdência é mais difícil do que retirar dinheiro da poupança, e isso também é benéfico, pois barra a tentação de usá-lo para outra finalidade.
— É essencial escolher uma alternativa ao INSS para a aposentadoria.
O trabalhador precisa avaliar as opções disponíveis no mercado e optar pela mais adequada, prestando atenção nas taxas de administração e na rentabilidade – explica Rodrigo Sisnandes, diretor da Fundação Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que administra planos de previdência fechados no Estado.
Há dois caminhos principais para quem pretende contratar um plano de previdência privado: os planos abertos, que são administrados pelos bancos e aceitam a adesão de qualquer pessoa, e os fechados, também conhecidos como planos patrocinados, planos empresariais ou fundos de pensão, que reúnem membros de um mesmo sindicato, associação ou empresa, por exemplo. Eles costumam oferecer condições mais vantajosas do que as dos planos abertos e merecem avaliação atenta.
Também será preciso escolher a forma de tributação. Existe o regime progressivo, em que a alíquota de Imposto de Renda (IR) aumenta quanto maior for a quantia a ser resgatada ou transformada em renda, e o regime regressivo, cuja alíquota começa em 35% para saques antes de completar dois anos e diminui com o passar do tempo até chegar a um mínimo de 10% para saques após 10 anos. É o imposto mais baixo entre as aplicações tributadas, cuja menor taxa é de 15% para renda fixa mantida por mais de dois anos, por exemplo. O regime progressivo costuma ser mais adequado para metas de aplicação de curto prazo, e o regressivo, para as de longo prazo.
PGBL pode ser descontado na declaração completa de IR
Há duas modalidades de previdência privada conforme o perfil fiscal do poupador: Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Nos dois casos, os valores não entram no inventário em caso de falecimento do titular. Ou seja, dispensam a burocracia da transferência, o imposto sobre herança e os custos advocatícios.
Quanto às diferenças, o PGBL permite deduzir o valor das contribuições do imposto devido na declaração de IR completa, em até 12% da renda bruta tributável. O benefício vem em forma de restituição ou diminuição do pagamento, no caso de haver imposto devido. O Imposto de Renda sobre o investimento será cobrado somente no momento do resgate do dinheiro e incide sobre o volume total (capital investido e rentabilidade), independentemente de ter se escolhido tributação regressiva ou progressiva.
O investimento no VGBL não pode ser deduzido da declaração anual, mas o IR, cobrado no momento do resgate, será apenas sobre os rendimentos, não sobre o patrimônio total. Por isso, costuma-se indicar o VGBL para quem faz a declaração simplificada. Mas o critério de decisão não é tão simples: pode valer a pena trocar a declaração simplificada pela completa e descontar do imposto devido o valor pago para o PGBL. É preciso comparar.
Confira oito regras para fazer economia
- Planeje a contribuição
Calcule com cuidado o valor a ser guardado todo mês, simulando junto ao banco ou à gestora qual será sua renda futura. Observe que a contribuição mensal não pode ser uma quantia tão alta que fará falta no orçamento nem tão baixa que enfraqueça seu benefício futuro. - Não coloque a mão no dinheiro
Lembre-se de que a previdência complementar é sua garantia para um futuro mais confortável. Sacar os valores antes da hora pode gerar multas de saída e pagamento de mais IR. - Faça um aporte inicial
É um ótimo negócio começar a previdência com uma pequena “bolada”, pois gera um efeito multiplicador importante, com mais rendimento. Uma aplicação inicial de R$ 2 mil é uma quantia boa para a arrancada. - Faça aportes adicionais
Use recursos extras para reforçar sua previdência complementar, não dependendo apenas dos aportes mensais. Bonificações, restituição do IR, antecipação de 13º salário e pagamento de PIS/Pasep, por exemplo, ajudam a engordar o saldo. - Comece cedo
Quanto antes começar a guardar, menor será a parcela mensal. Você pode começar poupando 5% do salário. Haverá um efeito multiplicador na poupança, com o rendimento de juro sobre juro. - Avalie os planos
Planos organizados pela própria empresa, sindicatos e associações de classe costumam ter taxas de administração bem mais baixas do que os dos bancos (na casa de 0,4%, enquanto os bancos podem cobrar até 3,5%). No caso de planos empresariais, se a empresa fizer aportes adicionais aos do funcionário, é um ótimo diferencial. - Prefira o regime regressivo
Esta é a opção para quem está decidido a manter o dinheiro aplicado em prazo mais longo, e não como poupança de emergência. No regime de tributação regressiva, as alíquotas caem com o passar do tempo e chegam a 10% em 10 anos. - Não abandone o INSS
Se você é autônomo, não deixe de pagar o INSS. Além da aposentadoria pública, a previdência dá cobertura financeira em caso de acidente do trabalho, doença ou afastamento por licença-maternidade, por exemplo.