O reajuste de 3,43% no preço do gás anunciado pela Petrobras na semana passada colocou um combustível a mais no já conturbado orçamento do consumidor. O preço médio do botijão de 13kg, que varia de R$ 64 a R$ 74,90 na Capital, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Gás Natural e Biocombustíveis, poderá saltar para entre R$ 66,19 e R$ 77,47 se a correção for repassada na íntegra à população.
— As revendas estão sem margem para absorver esta alta, possivelmente terão de repassar no botijão — avisa José Ronaldo Villanova Tonet, presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral no Rio Grande do Sul (Singasul).
Ele complementa que a inflação têm preocupado as revendedoras, que precisam lidar com gastos maiores com gasolina para a entrega, energia elétrica e água para o funcionamento dos estabelecimentos. Ou seja, que o consumidor não se surpreenda se o preço subir ainda mais nos próximos meses.
— E ainda há possibilidade de novos reajustes pela Petrobras, que tem repassado as altas da cotação internacional, mas é difícil saber como será daqui por diante — projeta Tonet.
De maio do ano passado até abril deste ano, o preço médio do botijão para o consumidor gaúcho passou de R$ 67,29 para R$ 69,14, de acordo com a ANP. Em Porto Alegre, subiu de R$ 68,26 em maio passado para R$ 68,90 até abril. Os dados de maio deverão mostrar uma nova elevação, já com os efeitos do último reajuste.
Isso reforça a importância de o consumidor evitar desperdício de gás e redobrar os esforços ao fazer pesquisa de preços quando for substituir o botijão, afirma a educadora financeira Camila Bavaresco.
— Hoje há aplicativos que ajudam a pessoa a encontrar onde está o gás mais barato, então é preciso pesquisar bem, questionar qual o custo de entrega, e encontrar o melhor preço — sugere Camila.
Preocupada com o desperdício, a pedagoga aposentada Ligia Severo, 74, correu até um posto de venda de gás no bairro Menino Deus ontem à tarde para pedir ajuda com seu fogão. Ela trocou o botijão na semana passada, mas mesmo assim as chamas estão fracas demais, alongando demais o tempo de cozimento do alimento.
— As bocas podem estar desreguladas, o que quer dizer que estão usando gás demais para cozinhar, ou até ser um vazamento. Com o preço que está, não posso me dar ao luxo de desperdiçar — comentou.
Ligia também tem outros macetes para evitar mal uso do combustível:
— Coloco pouca água para preparar os alimentos, apenas o suficiente para cozinhar no ponto, e assim que estão prontos já desligo o fogão. Não deixo a chama acesa mais do que o necessário.
Dicas para economizar no consumo do gás
- Use panelas proporcionais à boca do fogão para evitar desperdício de gás. Isso evita que o calor "fuja" da base da panela.
- Use mais a panela de pressão, que cozinha com mais facilidade e agilidade.
- Otimize o uso do forno. Quando for assar algo, procure incluir mais de um prato na mesma leva. A cada vez que o forno é ligado, uma grande quantidade de gás é liberada para que ele fique aquecido.
- Algumas medidas simples no ato do preparo da comida podem otimizar o uso do gás, como colocar menos água na panela e desligar a chama um pouco antes da comida ficar pronta, deixando o alimento cozinhar em seu próprio calor.
- Cuide na coloração da chama para saber se as bocas estão reguladas. O ideal é que esteja azulada: o amarelo indica que os queimadores estão desregulados, soltando mais gás do que o necessário.
- Verifique a mangueira do gás com frequência para evitar vazamentos. Examine minuciosamente e certifique-se de que está encaixada e dentro do prazo de validade.
- Quando tiver de comprar novo botijão de gás, pesquise em pelo menos cinco revendas para saber onde está o menor preço.
- Você pode utilizar a ajuda de aplicativos ou redes sociais para trocar informações sobre onde está o gás mais barato.
FONTE: Ultragás, Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral no Rio Grande do Sul (Singasul) e consultora financeira Camila Bavaresco.