O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou em março pela primeira vez em 2018, atingindo 25,2% — alta de 0,3 ponto percentual. A constatação é da Pesquisa de Envidamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ela aponta o cartão de crédito como o principal compromisso financeiro para 76,4% das famílias endividadas.
O percentual das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso, ou seja, que permaneceriam inadimplentes, passou de 9,7% em fevereiro para 10% em março, apresentando queda em relação aos 10,4% de março de 2017.
Para a economista Marianne Hanson, da CNC, a alta é influenciada pelo efeito sazonal provocado pelos gastos de fim de ano:
— O efeito sazonal do comprometimento de renda com gastos extras de início de ano influencia esse resultado.
O estudo aponta, no entanto, que a proporção de famílias endividadas se manteve estável nos 61,2% de fevereiro, o mesmo não acontecendo quando a comparação é com março do ano passado, com o indicador subindo 0,4 ponto percentual.
Depois do cartão de crédito, responsável pelos 76,4% do endividamento das famílias, vêm os carnês, com 16,6% e, em seguida, o crédito pessoal, que responde por 10,4% do endividamento familiar.
Nível de endividamento cresce
Os dados da publicação da CNC indicam que a proporção das famílias que se declararam muito endividadas também aumentou em relação a fevereiro, passando de 13,6% para 14,1% do total de entrevistados, uma alta de 0,5 ponto percentual. Já na comparação anual, houve queda de 0,6 ponto percentual nesta proporção dos muitos endividados.
Neste último caso, segundo Marianne, a retração decorreu “da queda das taxas de juros e da recuperação da renda do trabalho que têm favorecido uma recuperação gradual em algumas modalidades de crédito, o que impacta diretamente o endividamento”.
Já do ponto de vista do prazo do endividamento, o tempo médio de atraso para o pagamento de dívidas ficou, em março, em 64,4 dias, inferior aos 64,8 no mesmo período do ano passado.
Em média, segundo a CNC, o comprometimento com as dívidas foi de 6,9 meses, sendo que 31,3% das famílias possuem dívidas por mais de um ano. Entre aquelas endividadas, 20% afirmam ter mais da metade da sua renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas.
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais, abrangendo cerca de 18 mil consumidores.
Sete dicas para não se endividar com o cartão
1 - Olho no limite
O ideal é que os limites dos cartões de crédito não ultrapassem 30% do salário ou ganho mensal, evitando, desta forma, que o gasto seja maior do que se recebe.
2 - Atenção aos parcelamentos
Ao fazer parcelas fixas, tenha consciência de que você está comprometendo os meses futuros do orçamento mensal. Lembre-se, também, que o cartão utilizado sem consciência promove compras por impulso. É preciso ter responsabilidade na hora de consumir: sempre se pergunte se realmente precisa do produto, se tem dinheiro para comprar e se tem como pagar a fatura total do cartão no seu vencimento.
3 - Evite pagar apenas a parcela mínima
O erro capital em relação ao cartão de crédito é pagar a parcela mínima e isso deve ser evitado. As altas taxas de juros cobradas acabam levando a pessoa à inadimplência. Caso não consiga pagar a parcela total, procure outra linha de crédito que não tenha juros que ultrapassem 2,5% ao mês.
4 - Evite pagar anuidade
Evite o pagamento de anuidade do cartão. Hoje, é possível encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção.
5 - Não empreste o cartão
Nunca empreste o cartão de crédito à outra pessoa, mesmo que ela seja próxima a você. Lembre-se que, se ela tiver dificuldades em pagar, a dívida será sua.
6 - Aproveite os benefícios
Uma forma educada financeiramente de utilizar o cartão é saber aproveitar os benefícios que o cartão de crédito pode oferecer, tais como prêmios ou milhagens.
7 - Se perder o controle, pare e faça um diagnóstico financeiro
Caso perca o controle financeiro por causa do cartão, é preciso parar e fazer, imediatamente, um diagnóstico, descobrindo o verdadeiro problema. Lembre-se que poupar o dinheiro e comprar à vista, com desconto, é sempre uma boa opção — o valor que se paga de juros mensalmente, mesmo que a princípio não pareça muita coisa, poderia ser utilizado a seu favor, e não contra, realizando sonhos individuais e coletivos da família.
Fontes: Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e Serasa Ensina
*Agência Brasil Com GaúchaZH