Mas cautela antes de pregar a transformação dos cartões em tochas: esta forma de pagamento é considerada uma das mais assertivas para o controle de despesas pessoais. Como centraliza todos os pagamentos em uma só "conta", o cartão permite visualizar facilmente, pelo celular ou na internet, a atualização das despesas e o limite disponível até o fechamento da fatura, evitando sustos. Alguns sites separam por cores o perfil dos gastos, ajudando o consumidor a visualizar melhor seus gastos.
O cartão também é valioso nos meses em que o orçamento fica apertado. Em vez de entrar no negativo da conta corrente ou ter de recorrer a um empréstimo, o consumidor pode fazer suas compras no cartão de crédito para pagar (sem juros) no mês seguinte.
—Além de facilitar o planejamento financeiro, o cartão oferece outros benefícios oferecidos pelas administradoras, como pontos que podem se transformar em passagens aéreas ou produtos, seguro viagem grátis, promoções em restaurantes e cinema, por exemplo — lembra a consultora financeira Camila Bavaresco.
Use com sabedoria
Para que o cartão seja efetivamente um aliado, é preciso utilizá-lo com sabedoria. Conforme consultores financeiros, o plástico não pode ser gerido como um "complemento de renda", ou seja, um instrumento a ser esgotado quando o orçamento do mês termina. Isso porque, no mês seguinte, quando chegar a hora de pagar a fatura, se o consumidor tiver com a conta vazia, terá de parcelar a fatura.
— Uma maneira prática de manter o gasto no cartão sob controle é estabelecer um limite alinhado à capacidade de pagamento da fatura. As operadoras já oferecem aplicativos e alertas para ajudar neste controle — afirma o consultor financeiro Jó Adriano da Cruz.
O correto é ter uma opção bem definida para as despesas mensais: ou gastar no cartão de crédito mantendo dinheiro na conta corrente, ou gastar na conta corrente e, eventualmente, fazer alguma compra mais cara ou parcelada no cartão de crédito. Outra dica essencial é evitar o rotativo, ativado quando se paga o valor mínimo do cartão. Verdadeiro vilão do endividamento, o rotativo tem juro que chega a 332,4% ao ano, com potencial para transformar qualquer dívida em uma tremenda dor de cabeça.
Quem se sai bem no uso do cartão, por sinal, costuma passar longe do rotativo. É o caso do engenheiro Heitor Vicari Junior, 35 anos. Precavido, evita usar o plástico nas compras do dia a dia, como gasolina e supermercado, para não deixar a conta subir muito no mês seguinte. Com o cartão, organiza as despesas mais altas, como parcelamento de eletrodomésticos ou compra de passagem aérea sempre sem juros, para não depender de empréstimos ou carnês:
— Negociei com o banco a isenção de anuidades, e isso é fundamental para evitar um gasto a mais no mês. E para melhorar, gosto de aproveitar o desconto no cinema oferecido pelo meu cartão. Ou seja, sabendo usar, o cartão ajuda muito.