A Estação Ecológica do Taim, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado, foi interditada por tempo indeterminado por suspeita de casos de influenza aviária. Desde a última quarta-feira (24), 36 aves foram encontradas mortas durante trabalhos de rotina da equipe local.
A interdição vale para visitação, pesquisas científicas ou qualquer outra atividade fora o controle ambiental dessas suspeitas, explica Fernando Weber, chefe da estação.
A mortandade foi constatada em cisnes do pescoço negro. Conforme Weber, a situação é considerada incomum pela quantidade de animais mortos.
— Nunca vi essa quantidade de mortes aqui. Vamos torcer para que seja só um evento adverso — afirmou.
Amostras foram coletadas por equipes do Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) e estão sob análise. O material foi enviado para um laboratório que fica em São Paulo. Os exames têm prazo de cerca de 72 horas, mas o tempo pode ser ampliado para realização de contraprovas.
Os primeiros casos de gripe aviária no Brasil foram identificados em aves silvestres no Espírito Santo no começo de maio. No último sábado (27), outras ocorrências da doença foram confirmadas no Rio de Janeiro.
Uma portaria do Ministério da Agricultura publicada no dia 23 de maio declarou estado de emergência zoosanitária no país, válido por 180 dias.
Desde que os registros casos foram verificados em países vizinhos da América Latina, as ações de vigilância foram intensificadas, principalmente no Rio Grande do Sul, para evitar a propagação do vírus. Equipes do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual da Agricultura estão reforçando as atividades de fiscalização com uso de drones para monitorar áreas de difícil acesso. Os locais sem possibilidade de aproximação por terra também contam com auxílio de embarcações da Marinha.
A preocupação é de que a doença se espalhe pelos planteis comerciais, já que o vírus é facilmente transmitido entre os animais.
Apesar dos reforços empenhados, os órgãos de defesa sabem que não há como bloquear a entrada do vírus. Por isso, os departamentos de defesa vêm reiterando a importância da detecção precoce de casos suspeitos para que se possa agir rapidamente em caso de ocorrência.
No Rio Grande do Sul, a preocupação com a proximidade da doença se dá, principalmente, pela importância da avicultura para a economia do Estado. As aves estão presentes em 239 mil estabelecimentos gaúchos, ou em mais de 50% das propriedades agropecuárias.
O RS é o terceiro maior produtor de frango de corte do Brasil, o terceiro maior exportador de ovos, e o maior exportador de carne de peru, segundo os dados apresentados pela Secretaria da Agricultura. São 820 milhões de abates de aves ao ano no Estado. Com isso, a produção local chega a 1,7 milhão de toneladas de carne de frango e a 3,5 bilhões de ovos por ano.
Outros casos suspeitos já haviam sido detectados no Estados, mas todos foram descartados como gripe aviária. Desde janeiro deste ano, os Serviço Veterinário Oficial do Rio Grande do Sul acumula 2.295 ações de vigilância ativa, com estimativa de 1,82 milhão de aves observadas. Nessas ações, foram registradas cinco suspeitas fundamentadas, todas já descartadas.
A Secretaria da Agricultura se manifestou somente por nota, e afirmou que aguarda o diagnóstico do exame. “Essa é mais uma amostra enviada para análise, assim como outras já foram coletadas e enviadas ao laboratório para descartar a presença de influenza aviária no Estado. O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal segue com as ações de vigilância e educação sanitária, principalmente com o monitoramento de aves”, diz o texto.
A doença
- A gripe aviária é uma doença causada pelo vírus da Influenza A
- Altamente contagiosa, contamina aves e pode ser transmitido para pessoas, mas os casos são esporádicos
- Nas aves, os sintomas são tosse, espirro, corrimento nasal, fraqueza, pneumonia, dificuldade de locomoção e hemorragia nos músculos