Após visitar Santo Ângelo e Tupanciretã, o Gaúcha Atualidade trata do tema estiagem direto de Cachoeira do Sul, na Região Central, e de Passo Fundo, no Norte, nesta sexta-feira (4). Os dois municípios também estão na longa lista de localidades castigadas pela falta de água que assola o Estado.
Em Cachoeira do Sul, somente na soja, cultura com maior área, as perdas estão em 49%. Em Passo Fundo, a estimativa de quebra no milho está na casa de 70% a 80%.
Em Cachoeira do Sul, Andressa Xavier e Gisele Loeblein estarão no sindicato rural do município. Rosane de Oliveira estará em Passo Fundo, no Gare Estação Gastronômica, no centro do município. Além de mostrar os efeitos da estiagem, o programa debate soluções aos problemas provocados pela estiagem.
Somando todas as culturas e a pecuária, os prejuízos estimados em Cachoeira do Sul estão em R$ 749,8 milhões, segundo relatório produzido pela prefeitura em conjunto com a Emater e outros órgãos.
— Tem regiões onde, em novembro e dezembro, choveu 30 milímetros e em janeiro não choveu. É muito complicado, estamos no mínimo há 90 dias sem uma chuva expressiva geral em Cachoeira do Sul — explica o engenheiro agrônomo Dirceu Nöller, que atua na Emater.
Nöller afirma que a soja é a cultura mais afetada no município, com perdas de 49%, levando em conta a área utilizada. O engenheiro agrônomo destaca que esse percentual pode aumentar caso a chuva esperada para o fim de semana não se confirme.
O secretário da Agricultura e Pecuária e presidente do Sindicato Rural de Cachoeira do Sul, Fernando Cantarelli Machado, afirma que, além de prejudicar as lavouras, a falta de chuva também tem impacto no abastecimento de água. A prefeitura tenta amenizar os problemas no âmbito do consumo de água potável e também para reservatórios para produtores da área de pecuária.
— Na questão da pecuária, muitos reservatórios, bebedouros, estão secando, e muitos produtores estão ficando sem água para os animais. A Secretaria da Agricultura, com a patrulha agrícola mecanizada, está, dentro do possível, abrindo novos poços para fazer uma reserva de água — explica Machado.
Passo Fundo
O presidente do Sindicato Rural de Passo Fundo, Carlos Fauth, relata que a soja é a cultura mais afetada no município, levando em conta a área de plantação. O milho é a cultura que mais sofreu com a falta de chuva, segundo Fauth. No entanto, essa cultura tem menor área de cultivo na região. Neste momento, o dirigente estima uma quebra entre 30% e 40% na soja. No milho, a previsão é de 60% a 70%. Ele destaca que é difícil ter um valor fechado sobre os estragos causados pela falta de chuva e que uma estimativa mais fiel depende do volume de chuva nas próximas semanas.
— As perdas estão se acentuando. Agora, para o fim de semana, tem previsão de chuva. Ainda não é possível definir os prejuízos. Eles podem estabilizar ou piorar. Isso vai depender das precipitações do mês de fevereiro — explica Fauth.
O prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida, afirma que a prefeitura está encaminhando a construção de novos poços:
— São três com recursos próprios e um com a ajuda do Estado. Para termos mais quatro poços artesianos no interior nos próximos meses. Isso ajuda muito, principalmente o pequeno produtor.
Almeida diz que a falta de água é mais localizada no interior, nas propriedades rurais do município. No perímetro urbano, até o momento, não foram registrados problemas de abastecimento. O prefeito cita os efeitos da estiagem na economia:
— Sabemos que isso vai impactar no consumidor final, dentro do preço dos produtos. Tudo fica mais caro e acaba puxando a inflação. Um fenômeno que a gente já viu em outros momentos. Infelizmente, a chuva não chega.