Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (11), ministra da Agricultura, Tereza Cristina, projetou os preços dos alimentos da cesta básica, que ainda registram aumento expressivo nas gôndolas. Para ministra, a expectativa é de que os números se estabilizem diante da safra 2020/2021, mas a atenção da pasta segue:
— O mundo inteiro está sofrendo uma alta no patamar de preços de commodities, como soja, milho, arroz e carnes. E a gente, enfim, conta com uma safra que está chegando. A colheita já começou. A gente tem preocupação sim, porque esses preços subiram. Eles devem se estabilizar assim que entrar uma quantidade maior da nossa colheita no mercado — avaliou.
O arroz, que aumentou em mais de 100% nas prateleiras dos supermercados em razão da elevação de preço e da preocupação com a disponibilidade, terminou 2020 de forma mais discreta. Em outubro, o preço médio segundo o índice Esalq/Senar-RS, chegou a R$ 105,38 a saca. À época, a ministra decidiu reduzir barreiras de importação para equilibrar preços.
— Abrimos a importação de arroz, milho e soja para que possa haver uma entrada e equilibrar um pouco a demanda interna. Mas boa notícia: vamos colher uma safra de soja acima do esperado. Teremos em torno de 132 milhões de toneladas — disse.
Ainda à Rádio Gaúcha, a ministra negou especulação sobre assumir Relações Exteriores. À frente da Agricultura, Tereza Cristina demonstrou bom trânsito diplomático em diversas agendas. Recentemente, ajudou na interlocução com a China para a liberação de insumos destinados à fabricação de vacina contra a covid-19.
— Nenhum fundamento. (...) Pode ser gente que está interessada no meu ministério e fica inventando — enfatizou.
Críticas de Macron
Indagada sobre a recente fala do presidente da França, Emmanuel Macron —, que fez críticas ao desmatamento da Amazônia e citou especificamente a soja brasileira, relacionando-a ao problema ambiental—, a ministra avaliou que "foi uma declaração para o público interno dele", mas que é uma atitude negativa ao Brasil.
— A França, mesmo se quisesse, não teria nem espaço físico e área pra fazer isso (parar de comprar a soja brasileira). Tem muita falácia. E tem também um ataque ao Brasil. Existe uma inconformidade de que temos área, tecnologia. Existe uma parte política de agredir o Brasil — disse.
— Eu acho que (a declaração) prejudica. Apesar de falar lá para o público dele, ele (Macron) está na Europa. A gente sabe que o Partido Verde tem crescido na Europa. Isso não é bom, mas também acho que a gente não pode ficar dando uma importância tão grande a isso. Os números mostram que a soja brasileira é muito importante. O Brasil é o supridor desse produto para muitos países do mundo. Temos que responder, já respondemos, mas acho que agora temos que trabalhar no pragmatismo e na qualidade da soja brasileira — completou.
Em nota divulgada na quarta-feira (13), o Ministério da Agricultura defendeu a produção da soja brasileira, afirmando que o país tem "uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo" e que o grão "não exporta desmatamento".