As vendas externas do agronegócio gaúcho somaram US$ 8,4 bilhões de janeiro a setembro deste ano, redução de 7,8% no valor em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado negativo é atribuído principalmente à soja, que em 2018 bateu recorde nos embarques devido a altos estoques e ao acirramento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Nos primeiros nove meses do ano, a venda do grão teve queda de 35,3%.
— Temos uma base alta de comparação, por conta do ano atípico que tivemos em 2018 no mercado de soja — explica Sérgio Leusin, economista do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), que divulgou nesta quarta-feira (13) o estudo "Indicadores do Agronegócio do RS: exportações e emprego formal.
A redução dos embarques da oleaginosa foram compensados, pelo menos em parte, pelos aumentos nos valores exportados dos produtos florestais (58,8%), fumo e derivados (33,3%) e carnes (17,4%).
— Nas carnes, o cenário é inverso ao da soja. Tivemos um ano não tão bom em 2018 e agora recuperação de mercados importantes, como a Arábia Saudita, e elevação de preços — compara Leusin.
Na carne suína, exemplifica o economista, a aumento do preço em dólar chegou a 30% neste ano. A variação deve-se especialmente à peste suína africana, que impactou diretamente no rebanho da China – o maior do mundo. No terceiro trimestre do ano, as exportações gaúchas de carnes para o país asiático alcançaram o maior nível da série histórica, iniciada em 2007.
Apesar do bom desempenho das carnes, esperado também para o último trimestre do ano por conta da habilitação de novos frigoríficos para a China (dos quais seis instalados no Rio Grande do Sul), a projeção para o fechamento do ano é de número negativo.
— É muito pouco provável que o cenário seja revertido. Não fosse a soja, certamente a situação seria diferente — conclui Leusin.
As exportações do agronegócio representam cerca de 60% das vendas totais do Rio Grande do Sul, tendo a China como destino de quase 50% dos embarques do setor.
Empregos formais
Apesar da queda do número de trabalhadores com carteira assinada no agronegócio no terceiro trimestre do ano, fruto da sazonalidade característica do período, o saldo continua positivo no ano. De janeiro a setembro, a diferença entre pessoas admitidas e desligadas no setor foi de 647.
As indústrias de máquinas agrícolas, que aumentaram as contratações no primeiro semestre do ano, reduziram o quadro de funcionários no terceiro trimestre.
— A indústria de máquinas criou uma expectativa que não se materializou ao longo do ano. A restrição de crédito agrícola prejudicou o setor — avalia Rodrigo Feix, economista da Seplag.
Outro fator negativo, acrescenta o analista, veio do agravamento da crise na Argentina — principal parceiro comercial do Rio Grande do Sul no setor de máquinas agrícolas. Na indústria de transformação gaúcha, o agronegócio representa cerca de 20% da geração de empregos formais. O cenário foi amenizado pelos empregos criados nas lavouras temporárias, que acumula saldo positivo de 978 trabalhadores no período.
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