Enquanto produtores de uva, oliveiras e maçãs, prejudicados pela deriva do herbicida 2,4-D usado nas lavouras de soja, defendem a proibição do uso do produto como a única solução para solucionar o impasse, o secretário da Agricultura, Covatti Filho, tentará convencer o Ministério Público Estadual (MP) de que existem outras alternativas. Na reunião da próxima terça-feira (9), o secretário apresentará um conjunto com 10 medidas ao promotor do Meio Ambiente de Porto Alegre, Alexandre Saltz, que conduz inquérito sobre o tema.
– Vamos dialogar com o Ministério Público. Planejamos medidas imediatas e de médio e longo prazos também. O único caminho que não apoiamos é a proibição por via judicial – afirma Covatti Filho.
Entre as ações emergenciais, ele cita treinamento de produtores e fiscalização da aplicação do produto, por meio de técnicos da secretaria e da Emater. A ideia é buscar parcerias também com a iniciativa privada, visando ações de conscientização no campo e barreiras de contenção verde entre propriedades vizinhas.
A médio prazo, por meio de projeto de lei, a definição de uma regulamentação da pulverização terrestre – a exemplo do que ocorre na aviação agrícola.
– O que não podemos, como governo, é promover uma divisão entre soja e outras culturas no nosso Estado – defende o secretário da Agricultura.
Após a reunião com o MP, a secretaria pretende promover novos encontros entre o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
No inquérito que tramita na Promotoria do Meio Ambiente de Porto Alegre, sob condução de Saltz, os indicativos são de que o Ministério Público (MP) e também a área técnica da Secretaria da Agricultura estão convencidos de que a aplicação do 2,4-D precisa ser contida, sob risco de "inviabilizar a diversificação" de culturas.
O novo inquérito foi aberto em 9 de janeiro de 2019, absorvendo informações de uma investigação anterior que tramitava desde 2015 no Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais do MP (Nucam). Os autos já somam 762 páginas, incluindo relatórios, ofícios, laudos que comprovam a contaminação de plantas pelo 2,4-D e estudos diversos sobre os possíveis impactos do herbicida no meio ambiente e na saúde humana.