Sem nenhum tipo de agrotóxico, fertilizante sintético ou semente transgênica. Essas são as principais características do cultivo de orgânicos. Os produtos vêm caindo no gosto dos consumidores que, em busca de alimentação livre de resíduos, impulsionam o crescimento do setor. Em sete anos, o número de agricultores registrados no Brasil triplicou, aponta o Ministério da Agricultura.
Em 2012, um ano após a regulamentação da lei brasileira para produção orgânica, havia 5,9 mil produtores registrados. Neste ano, chegou a mais de 17,7 mil, crescimento de 200%.
– Os consumidores vêm buscando cada vez mais o alimento seguro, sem resíduos – afirma Virgínia Mendes Lira, que chefia a Coordenação de Produção Orgânica, setor do ministério responsável pelo Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos.
Hoje, o Estado tem cerca de 2,4 mil agricultores na atividade, 13,6% do total do Brasil. Para José Cleber Dias de Souza, responsável pelo Programa Pró-Orgânico e secretário-executivo da Comissão da Produção Orgânica do RS, outros fatores justificam o avanço:
– A combinação de regras claras e exequíveis, políticas de apoio à conversão, compras públicas e a existência de um relativo acordo social acerca da importância de estimular o segmento podem explicar o crescimento.
Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, esse movimento natural do mercado na busca por orgânicos exige capacitação e profissionalização. A entidade é parceira de projeto de qualificação que treina anualmente 250 fornecedores de hortifruti nas mais diferentes regiões do Estado.
Diversificadamente ecológicos
A boa aceitação dos orgânicos da família Forlin, de Antônio Prado, na Serra, estimulou a diversificação de cultivos. Nos últimos anos, framboesa, amora, alho-poró, ervilha, figo da índia e morango passaram a dividir espaço com mirtilo, uva e tomate na propriedade.
Dedicado à atividade desde 1988, Volmir Forlin viu sua produção aumentar cerca de 40% nos últimos cinco anos. Proprietário da agroindústria Orgânicos Pérola da Terra, Forlin, junto com a esposa, Jocelei, e o filho Mateus, passou a processar sucos, purês de frutas e molhos de tomate.
– Os agricultores estão imersos no veneno, e as pessoas com problemas de saúde. Então, os consumidores têm buscado fugir desse modelo de agricultura, que antes de intoxicar quem se alimenta, mata o produtor – alerta o agricultor.
A percepção de Forlin não é isolada. No Brasil, cresce a adesão de agricultores familiares pelo sistema ecológico.
– A possibilidade de estruturar um sistema de produção com reduzidos impactos ambientais, que utiliza práticas e insumos não agressivos à saúde dos agricultores e trabalhadores, gera produtos isentos de resíduos, portanto sem comprometer a saúde dos consumidores. E que proporcionam agregação de valor – afirma José Cleber Dias de Souza, responsável pelo Programa Pró-Orgânico e secretário-executivo da Comissão da Produção Orgânica do Estado.
Colaborou Leticia Szczesny