No pós-greve de caminhoneiros, o Brasil seguirá tendo de arcar com as perdas causadas em razão da paralisação. Do campo à cidade, cedo ou tarde, a conta chegará. Ninguém discute o direito à mobilização – tanto que boa parte do agronegócio e também da população mostrou apoio ao movimento. Mas o fato é que essa parada forçada terá um preço a ser pago.
E boa parte desses gastos tem relação com uma escolha feita pelo país muito antes da manifestação acontecer. O Brasil fez o que é menos indicado e colocou todos os ovos em um mesmo cesto. Apostou quase todas as suas fichas em um único modal de transporte: o rodoviário.
Isso o tornou totalmente dependente das estradas, como mostra reportagem de Joana Colussi. Perdemos em eficiência e ganhamos em custo ao optarmos por esse modelo.
Ficamos à mercê de rodovias e de suas péssimas condições. Refém dos preços elevados dos combustíveis e da falta de investimentos em melhorias capazes de deixar a produção brasileira mais competitiva. Se no campo o dever de casa é feito, fora dele, ou seja, depois da porteira, não se pode dizer mesmo. Há muito se fala em dar opções, em dar vida a projetos que permitam o escoamento via hidrovias e ferrovias, para evitar tamanha dependência das rodovias. Mas embora as discussões existam, as propostas não avançam.
O histórico mostra que não se pode esperar que os governos tomem a dianteira, sob pena de continuarmos estagnados. E também não dá para esperar pela próxima greve para voltar a tratar do assunto. Se isso ocorrer, pagaremos novamente o alto preço das nossas escolhas.